Muita gente anda se vendendo em baixa na cotação da auto-estima. Uma subespécie de inflação, é o que parece; o valor nominal da dignidade individual está defasado, e valor real nem se cogita. É dessa forma que órgão público virou entidade filantrópica, assistência social, caridade a que se agradece como o faz o mendigo por um prato de comida. Por isso esse péssimo hábito de se fazer de coitado para merecer o resto de comida; por isso essa coisa idiota de chamar de "doutor' qualquer um que esteja de traje esporte fino, na esperança de sobrar algum.
A miséria da república lotérica conseguiu fazer da outrora pirâmide social duas retas paralelas entre si, dando a impressão, própria à ilusão de ótica, de que nobreza e vassalagem caminham agora definitivamente juntas, encontrando-se ao final num só ponto de convergência. No caso, seria mais prudente olhar as múltiplas facetas do poliedro, ao invés de apenas observar os dois lados da mesma moeda. Porque, cara ou coroa, a moeda ainda é do rei, tanto faz, tanto fez.
Entre nós, ao ouvirmos as palavras "Não vim trazer a paz à terra, mas a luta. Quem não for por mim, será contra mim", atribuimos sua autoria a algum cântico gregoriano-panfletário de esquerda, nessa que insiste em ser a nossa vocação para tudo imitar.
'Imitar' é muita lisonja; mais corretamente deveríamos entender "papagaiar". Mas, tudo bem, dizem sempre que o Brasil é um país de contrastes em sua enorme extensão territorial, um país continental. E isso não podemos negar, Afinal, aqui convivem 'convergentes', 'divergentes' e 'emergentes' que seguem a mesma rota: a falsa ideia da ascensão social em promoção nos shoppings e magazines das cidades cujos mandatários ufanam-se disso que chamam "progresso".
'Ô! doutor, tem uma moedinha aí?'
(Caos Markus)
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