REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 5 de janeiro de 2013
QUINTA-FEIRA, 17 DE JANEIRO DE 2013: "ANTROPONARQUIA"
Não há mais dúvidas, o consenso da ignorância triunfou. A "lei de Gérson" faz tempo foi abolida, e vigora a norma exemplar da sobrevivência humana, ditada pelo que se convencionou denominar "Antroponarquia", regulada pela extinção do excedente humano, que uma vez exportado, renova o câmbio, em inovadora heterodoxia econômica e monetária.
Esse novo governo proclama a virtude de ter sido o único a resolver o problema angustiante da fome no mundo: o poder do homem é atributo peculiar aos donos de oligopólios, cartéis e konzers. Conseguiu o novo regime reformular o princípio da "periodicidade das crises" na livre concorrência, agastando-as da relatividade a que estavam sujeitas quando por ocasião de desequilíbrio entre produção e consumo.
Afinal, resta demonstrado, não cometeu erro algum aquele renomado cientista social que preconizou a inevitabilidade da concentração comercial e industrial como decorrência de uma lei "universal e absoluta". Vitória, certamente, da inspiração profética desse revolucionário das massas.
Na mais simbólica alucinação, eu vejo a prodigalidade, a dilapidação e a incúria, celebradas como ícones da nova ordem. O luxo, procedente de um exagerado amor de si mesmo, já fez desaparecer qualquer atitude caritativa para com o próximo, pois o próximo não mais existe.
A magnificência passou a significar, desde então, vício e imperfeição moral, nunca mais se empregando os grandes capitais disponíveis para oferecê-lo em abundância ao trabalho lucrativo. Ao contrário, o próprio salário readquiriu o conceito de simples mercadoria, em respeito à observação deformada do pensamento onde "quando dois patrões correm atrás de um operário, o salário sobe; quando dois operários correm atrás de um patrão, desce o salário".
No caso, a "Antroponarquia" devolve aos poucos homens de verdade (os especuladores) o mundo do qual eles já eram os legítimos proprietários, restituindo-lhes a acepção correta do vocábulo derivado do latim "speculator", ou seja, 'descobridor'. E, pois, quem 'descobre' tem por merecidas as honras de Chefe de Estado.
Meu delírio presencia o inaudito: afirma-se como realidade, ouvindo-se em alto e bom tom um novo hino, de todo inspirado em neo-malthusianos: "O homem que nasce em um mundo já ocupado, se sua família não tem meios com que o alimentar e nem a sociedade necessita do seu trabalho, não lhe cabe direito de reclamar alimento: ele é demais sobre a terra. No grande banquete da Natureza não há lugar para ele; ela manda-o marchar e não tardará em executar sua ordem".
Prevenindo-se da tragédia vizinha, consequência da diferença entre o crescimento em progressão geométrica da população e o aumento das subsistências em progressão aritmética, a nova casta dos "naturais" (os dignos representantes da espécie, por excelência) confunde-se com a própria Natureza. Dessa forma, a licenciosidade de qualquer meio que consiga restringir a natalidade é admissível no controle da demanda populacional.
Demência passageira, ou algo "profético", domados pela ignorância, estamos a consentir o declínio da existência humana na terra.
(Caos Markus)
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