Eu quero lhe falar do meu amor que, apesar das aparência, resiste. Ainda que tenhamos essa fisionomia grave, sisuda, de quem vive (vive?) em meio a tanta turbulência, a tanto disparate.
A vida é a mais pura adrenalina, muito mais que purpurina. Só se brilha quando se emociona, e sentir-se vivo é comungar a a harmonia da fantástica saga do ser humano na Terra, nas Paixões, nos infortúnios, na alegria de se reconhecer uma parte significante desse incomensurável universo que a todos nos toca pela sensibilidade extrema e superior de um mestre que conosco quer celebrar o milagre da criação. Agora já não somos mais pessoas dispersas e atônitas diante do desconhecido; antes, pulsamos as vibrações de entidades fraternas na busca da reconciliação entre o início, o meio e o fim. Pois que não existe o flagelo da morte e sim o doce encanto da vida a nos chamar para si, a nos conclamar para a união pela identidade espiritual.
Nossas almas são muito mais do que as vulgares exigências de um mundo obsoleto inventado pela covardia e fraqueza mundanas. Em cada um de nós há uma revelação que não conseguimos negar, e a que devemos render homenagens. Revela-se aos nossos corações a nobreza do amor transcendente à debilidade de sistemas falhos e provisórios.
Queremos um do outro as mãos apertadas em cumprimento de felicidade compartilhada; precisamos um no outro a mesma alma gêmea. Porque o que nos separa são ambições fundadas no receio do confronto com o limite único e verdadeiro, a tênue demarcação daquela que, sabemos todos, é propriedade coletiva - a imortalidade. Viemos de uma mesma fonte e é para ela que a todo instante voltamos.
Temos, isso é certo, medo de amar. Porque essa é uma atitude que exige responsabilidade. O ódio, ao contrário, é a rendição do ser humano à irresponsabilidade típica dos que têm medo da vida. Viver é proclamar o império da solidariedade, é exaltar a pátria da justiça no alicerce moral da existência fraterna.
Não fosse o amor, e já teríamos sucumbido às agressões de tantos quantos elegeram a discórdia como conquista vil da raça humana.
Quero estar vigilante para poder, acordado, bradar aos quatro cantos em alto e bom tom o grito de alerta: "Desesperar jamais!"
Não se trata de otimismo homeopático, mas sim de resgate necessário à sobrevivência da espécie humana; resgatar o que se nos é comum e essencial - o sentimento maior que nos aproxima uns aos outros. Não existe acaso diante do Universo, e não estamos, pois, nesse mundo senão por um propósito determinado; estarmos aqui agora não é isolamento, é preparação.
(Caos Markus)
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