REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
TERÇA-FEIRA, 29 DE DEZEMBRO DE 2009: "CADA UM E NENHUM"
Muito do que se supõe 'ideologia' nada mais é do que a total ausência de idéias, a conferir aura de humanista àquele que não possui 'lastro próprio'. Nesse caso, é bastante sugestivo o desprezo de Henry Miller às pessoas que costumam adotar os problemas do mundo. Diz Miller que "o homem eternamente preocupado com a condição humana ou não tem problemas próprios, ou se recusou a enfrentá-los". ressalvando "os poucos emancipados que, tendo refletido sobre as coisas, estão autorizados a se identificar com a humanidade".
O narcisismo está definitivamente acima do altruísmo. E, por isso, é a egolatria a determinante na vida das pessoas, muito embora confessá-la é tirar um certo brilho da pretendida 'genialidade', perseguida como o maior dos objetivos. Não por outra razão tanta gente quer libertar o mundo de uma tão vaga quanto questionável tirania; ser herói ainda vivo é ter o reconhecimento exterior, uma vez que o interior é por demais inaceitável, por tratar-se de um 'juiz' muito mais impiedoso - a própria (in)consciência.
Ocupar-se da liberdade alheia, buscando o que nem sempre esteja de fato faltando a outrem, tem sido uma inadmissível covardia do vampirismo político dos nossos tempos. Na falta da sua própria liberdade, o líder tem alardeado uma 'tirania' merecendo a próxima eliminação, mesmo sendo totalmente desconhecida ou pressentida pelas 'vítimas'. Trata ele de buscar na liderança a 'escravização' de que precisa para ofuscar a sua própria escravidão, presa de si mesmo.
Mas, por saber que encontrará toda uma legião pronta a ser escravizada por mais alguém, porque incapaz de lidar com os seus próprios problemas, o líder não encontra grande dificuldade em dominar os que sempre existiram para o domínio. Provavelmente, eis a explicação para o 'exército de frustrados' pronto a atacar a harmonia e promover o caos. Sócios de Deus, entendem-se como tal na conclamação de Thomas Jefferson: "resistência aos tiranos é obediência à Deus". E em nome do combate à tirania é que perseguem o particular endeusamento, na obediência cega dos discípulos da prepotência.
Entre nós parece não haver gente de carne e osso e sim homens que só acumulam virtudes. Certamente, Oscar Wilde, ao dizer que 'o pecado aumenta a experiência humana', não se referia a brasileiros que apenas fazem propaganda da sua imaculada honradez, baseada, invariavelmente, na luta pelas liberdades individuais, pelo Estado de Direito, e pelo direito das minoria, num clima de apocalipse espetacular.
Diógenes, o filósofo grego da Escola Cínica, no Brasil não acenderia a sua tocha na procura de um homem honesto, antes compraria fogos de artifícios para comemorar o encontro com os virtuosos e varonis públicos homens. A escolher: os que depois do doce exílio na Sorbone voltaram para casa, capacitados pelas acadêmicas aulas ministradas na gloriosa "resistência francesa" das barricadas intelectuais; os que venceram a fome e a miséria do agreste nordestino, e por isso só já são os eleitos; os que citaram Webber, Durkheim e Kant, merecendo respeito por isso; os que citaram Antonio Conselheiro e Padim Ciço, esforçando-se sempre para não ser apenas mais um deles.
Bonita camisa, Fernandinho! Aonde eu fui amarrar o meu jegue, êta cabra da peste!
Não pense no que o seu país pode fazer por você mas sim no que Kennedy fêz pelo Vietnan.
Abraão Lincoln foi o salvador da raça negra, e por isso Ray Charles fez tanto sucesso; Tolstoi profetizou um mundo sem ódio, esse o motivo do arrependimento ineficaz pela bomba em Hiroshima; Ghandhi foi vanguardeiro de uma nova era, de paz, essa a razão da mortandade do Zaire.
O mundo está repleto de pessoas bem intencionadas. E o Brasil mais ainda. É muita gente se achando no dever de nos salvar do perigo iminente que se avizinha e avança sobre nós de forma impiedosa - ou pelos baixos salários que recebemos em função de eventual acordo com o F. M. I., ou pelo pouco que ainda temos e corremos o grave risco de até sem isso ficarmos, pela 'socialização' da sagrada propriedade privada. Enfim, há muito 'mocinho' para pouco 'bandido'.
Ou de fato ninguém tem os seus próprios problemas, a ponto de ter assim tanto tempo de ser abnegado e pretender redimir a raça humana na face da terra, ou o mundo já está sensivelmente melhor, dada a enorme quantidade de 'redentoristas' que se entendem autorizados a se identificar com a humanidade.
A Igreja quer nos salvar, a política idem; os artistas e os filósofos não têm outra inspiração senão o nosso resgate para uma vida que eles imaginam ser os únicos a perceber. Mas ninguém, ninguém mesmo tem a delicadeza de nos perguntar se queremos todos ser salvos. Ou melhor, se precisamos ser salvos de um perigo que não existe a não ser na cabeça de quem precisa de perigo para justificar o despropósito da sua própria existência.
Viver talvez seja um grande perigo que devemos todos experimentar, muito mais sem medo de sofrer do que sem medo de ser feliz. Porque, afinal, felicidade e disco voador têm algo em comum: pouca gente viu, mas muitos querem acreditar que existe.
(Marcus Moreira Machado)
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