REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
QUARTA-FEIRA, 30 DE DEZEMBRO DE 2009: "EXODUS"
O Brasil não precisa de presidente, precisa de um flautista, e de um flautista mágico. Não mentiram quando disseram “um elefante incomoda muita gente...”, mas incomodam muito mais os ratos que põem inerte uma manada de paquidermes. E como temos ratos! Se fossem camundongos adestrados em condicionamento de Pavlov o país ainda estaria sob controle, não importaria a apatia dos proboscídeos estarrecidos. Motivo de grande preocupação, entretanto, e, antes, a profusão de ratoneiros a confirmar o provérbio “a montanha deu à luz um rato”, em sucessão de promessas pomposas com ridículos resultados. Então, precisamos mesmo de um flautista e não de um presidente; não a flauta do “ ‘seu’ Bartôlo tinha uma flauta, a flauta era do ‘seu’ Bartôlo...”, porque dessa já tivemos e até cansamos de cantar “toca a flauta, ‘seu’ Bartôlo”, em desafinada melodia, ainda mais sabendo “que isso em mim provoca imensa dor”. Chega de samba de uma nota só; a garota de Ipanema nem vai mais à praia, nem quer o escurinho do cinema. Trevas nunca mais! Acendam a luz, vamos ouvir a sinfonia de pardais no trinado dos bem-te-vis da praça é nossa como o céu é do avião, gorjeando e caetaneando em puro guarany de Carlos Gomes no A B C de Castro Alves. Aflautemos o hino pátrio na mais pura tradição da mocidade independente de vigários gerais. Afinal, para que “spalla” em coro de atabaques?! Hein, pobres moços? Ah, se soubessem o que eu sei...! Mas, as rosas não falam, e eu cá fico quieto, incapaz que sou de tirar coelho de cartola. Que fale Gregório: “Há coisa como ver um Paiaiá/Mui prezado de ser Caramuru/Descendente do sangue de tatu/cujo torpe idioma é Cobepa?”.
Um tocador de pífaro, em meio ao repentismo congressista, ia bem melhor que um blue. Ou Cleópatra também não ninou ao som de um “aulete”? Pois, não é este um, país da fatalidade? Merece uma fábula, portanto. A raiz grega é a mesma, e dela o “fatum” latino a indicar “brilho”. (a rainha egípcia teve um romano césar a seus pés, eis porque eu acredito em fadas e duendes e lulas).
Hammer ainda virá. Mil uma noites já se passaram; estivemos náufragos como Crusoé, quando um, outro césar buscava em Swift inspiração para as suas viagens em férias ao fantástico primeiro mundo de Júlio Verne; e vieram os vis roedores juntar-se aos nativos. O rato roeu a roupa do rei de Roma; a aranha arranha o jarro, o jarro arranha a aranha. Puro exercício de linguagem. Hammer virá e Andersen será primeiro-ministro a contar histórias para os meninos de rua, ensinando que criança nenhuma nasceu para morar em esgoto, que para lá é que o som do mágico músico levará a podridão planaltina. Que Pasárgada, que nada! Quem me ensinou a nadar foi os peixinhos do mar; Robson que fique e curta a sua ilha-fidel, tocando “charuto bichado” de músico amador.
Não sou apenas um rapaz latino-americano e desespero não é mais moda em noventa e três. Chega de pavão misterioso. O Brasil não é uma galinha morta que se venda a qualquer preço de banana tropical. Fundo monetário internacional não dá direito a fazer do país fundo de quintal. Ninguém quis república alguma, porque nem sabiam o que era aquilo; e, ,mesmo assim, “os soldados impunham à vítima um viva à República, que era poucas vezes satisfeito. Agarravam-na pelos cabelos, dobrando-lhe a cabeça, esgargalando-lhe o pescoço; e francamente exposta a garganta, degolavam-na... O processo era, então, mais expedito: varavam-na, prestes, a facão...:, como relata Euclides da Cunha, em “Os Sertões”.
O tempo passa, o tempo voa, e a poupança da tal “democracia representativa” lidera os investimentos a curto prazo na idiotice institucionalizada - são “os subterrâneos da liberdade”, ou a liberdade nos subterrâneos, ou o “Brasil, ame-o ou deixe-o”, que ninguém deixou, ele é que se foi pelo ralo, levado e esvaziado na fossa da falência política.
Nenhuma ferocidade “jacobina”, mesmo que capaz de agredir, compara-se ao tocador de flauta no que diz respeito à superação da crise nacional. Os ratos já habituaram-se aos venenos, e até crescem aceleradamente sob os seus efeitos. Fabulosamente ouviremos os acordes encantados no comando da desratização por exclusão quando, ao invés dos elefantes desprevenidos, atribuirmos poder às cobras e lagartos, bastante competentes na ingestão da repugnância roedora. O que vale dizer: na seleção natural das espécies a política brasileira sobreviverá ao banquete canibal, porque não outro será o destino da fauna liberal: devorar-se até a própria extinção.
(Marcus Moreira Machado)
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