REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
QUARTA-FEIRA, 16 DE DEZEMBRO DE 2009:"NA CARA"
Eu quero morrer na praia, insistindo que a onda é minha. Eu sou muito mais que teimoso, bastante o suficiente para dizer que ganhei. Não sei de que, mas certamente ganhei; se tem de existir um perdedor, então que ele não seja eu. Entregar o jogo não tem cabimento. Torcida para vaiar é o que nunca falta; porém, festejar aquele temendo gol de placa, dizendo "é isso aí garoto... pisa fundo, estamos com você", é algo muito raro, porque todo mundo quer ser artilheiro nessa pelada de várzea que é a vida mesquinha dos provincianos. Mais fácil é a galera sentir-se forte e varonil com o chute que dá no suposto adversário.
Que espírito é esse, o que anima os medíocres a confinar em inaudito exílio todos quantos não são conformados com a peleja do faz-de-conta?! Por que essa mentalidade tacanha a querer expurgar em covarde assepsia?! Como explicar que, ao vestir a carapuça feita sob encomenda, a velhacaria não se dê conta de sua pequenez?!
Ah, meu amigo de fé, meu irmão camarada...! Você estaria ao meu lado para o que desse e viesse, sempre que eu lhe dissesse apenas o que lhe fosse aprazível aos seus ouvidos sensíveis e aos seus lábios delicados que encerram essa sua língua ferina de alcoviteiro nato. Não é assim, hein?! Que nada, você está sempre pronto para dizer que eu sou um inconseqüente, que só sei agredir todo mundo, de graça, por pouca coisa... Mas, o que você não quer e não pode admitir é a inconveniência das minhas palavras quando elas vão contra os seus mais vis interesses, todos aqueles que lhe garantem um duvidoso prestígio junto aos seus pares.
Se há algo de que eu já esteja muito cansado é de ter que considerar que no fundo, no fundo todo mundo é bom. Definitivamente, não sou escavadeira nem arqueólogo para ficar revirando tanta podridão até achar algo que preste, alguma coisa de real valor. E se você me critica por aí, dizendo que, além de você mesmo, ninguém me tolera, que eu sou mal visto por fulanos e sicranos das mais altas patentes... Se tudo isso que você diz a meu respeito é dito na minha ausência, perceba o quanto eu incomodo por não ser aquilo que você tem certeza que é - um adulador de primeira, que só faz o joguinho sujo do compadresco político-partidário, político-profissional, político-político, sempre pretendendo assegurar o seu lugarzinho no banho de sol do cativeiro a que está submetida a sua consciência, condenada à prisão perpétua pelos donos da razão aos quais você vendeu a sua própria.
Se eu faço tanta questão de 'ofender', de 'agredir', é porque no raso, no raso eu não preciso procurar o que fede: você! Você é mal cheiroso, 'troca de roupa e não toma banho', fingindo esperteza que não possui, asseverando o que não conhece, conspirando o próximo golpe, o imediato conchavo.
Ah... Gregório!! Como você foi genial, Gregório de Matos, ao reduzir reis e escravos, padres e fiéis, senhores e vassalos a uma e só uma insignificância, ao pouco tamanho, à pequena estatura dos seres humanos medíocres. Porque nenhuma diferença existe entre um homem e outro, sempre que em comum tenham eles a mediocridade de espírito, a despeito de suas aparentes diferenças sociais. Pois o célebre General Custer não foi capitulado por não acreditar na verdade contra si usada como arma letal? "The little big man", um anônimo, conhecia muito bem a melhor e mais eficaz maneira de subjugar um poderoso: dando-lhe mais poder, que ele haveria de recusar por crer apenas naquele oriundo de suas convicções limitadas.
Você sabe que eu sei que você nada sabe. E esse seu único conhecimento lhe obriga a considerar-me desprezível. Aceitar-me seria também aceitar a sua mais completa ignorância no que diz respeito àquele que é o sagrado e inalienável direito do ser humano - o de poder manifestar a sua opinião sem render-se aos despropositais imperativos das circunstâncias econômicas. Esse patrimônio, o da liberdade, é para mim por demais importante, e eu não o troco por fatia alguma de poder algum. Se alguma herança eu pretendo deixar aos meu filhos, essa será a da dignidade própria ao exercício da cidadania.
Você e seus pares crêem que eu deva ser recolhido a um nosocômio especializado em distúrbios psíquicos; prefere considerar-me temerário e, por isso, quer evitar-me. Mas, deixa disso, pois nenhuma extravagância da minha parte é equivalente à sua contumaz estroinice. Se há alguma diferença - e essa é fundamental -, ela está no fato de que você, um fanfarrão que é, sabe mesmo levar a vida, mas a vida a que está submetido pela razão alheia à sua própria, a determinar o seu comportamento de 'bom menino'.
Então, saiba que a sua vitória não depende da minha derrota, uma vez que os nossos objetivos são diametralmente opostos. Comigo, aquela história de "o rei morreu, viva o rei" é muito própria da vassalagem com vocação para oprimido. E, como bem lembrou o Millôr Fernandes: "Quem se curva aos opressores mostra o traseiro aos oprimidos". Quer dizer, por mais que se pretenda vaselinar, pode apenas doer menos, mas ainda assim dói. Assim, nessa minha ínfima parte que me cabe nesse 'latifúndio', reinvidico 'usucapião' desse terreno fértil que poucas pessoas cobiçam - o do inconformismo; e insisto em fincar a minha humilde bandeirola na ilha a que muitos buscaram me confinar. Se mais tarde a minha onda predileta for disputada por 'surfistas' da moral e dos bons costumes, eu terei a consciência tranqüila para revidar os achaques que os comportadinhos do 'reino da garotada' querem me apregoar.
Enquanto isso eu brado mais um vez: estou nem aí com você, otário!
(Marcus Moreira Machado)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário