(Marcus Moreira Machado)
REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
SEGUNDA-FEIRA, 21 DE DEZEMBRO DE 2009: "INTERSTÍCIO"
Eu não estou preocupado em agradar ninguém, e muito menos ocupado em magoar alguem. Sinceramente, não sou do tipo que procura a sua liberdade na restrição da alheia. Porém, não aceito o tipo que enxerga ameaça aonde ela não existe, buscando, então, limitar a independência como maneira de manter pela submissão a pouca idéia que possui.
A ejaculação verbal precoce é tão prejudicial quando a impotência mental. Mas, acostumados às conspirações de alcova, há quem não se dê conta de que outro é o mundo em que vivemos, onde o que se discute não são as pessoas e sim a diversidade de concepções que elas possam ter a respeito das instituições que as governam. E, também inaceitável, não há que se confundir cada um de nós com a própria norma que criamos para um concenso. Porque divergir não é confrontação; é, antes, acréscimo que se faz á discussão necessária ao futuro antecipado. Quem sabe, fazer a hora é mesmo fazer acontecer? Ou o conforto do eterno regresso tem passagem garantida na manutenção da ordem pela conveniência?
O grande problema - e talvez o único da humanidade é terem nascidos os homens com atrofiamento de um dos órgãos sensoriais, o da audição; parece que ouvindo mal também falam mal. Se é o cérebro estimulado pelo ouvido, é surpreendente que ainda exista gente com a faculdade de pensar. Não raro, quer-se impedir a voz, como se as palavras tivessem o poder de ferir uma integridade até então não conhecida. Definitivamente, não é possível ofender a honra de quem não a tem, não se pode afrontar a dignidade de quem jamais a conheceu, porque nunca a exercitou. Porque esses sentimentos adquirem-se potencialmente, porém somente são desenvolvidos pela disposição ao seu exercício.
Afastada a exclusividade do pensamento como obra de intenso relacionamento entre as pessoas, pela permuta, causa primeira da evolução, ainda assim o indivíduo unilateralmente, evitando a reciprocidade, tem como obter, pela contemplação e na observação sistematizada, subsídios ao seu crescimento pessoal. formulando, então, as idéias que lhe confiram o o status de verdadeiro homo-sapiens. Contudo, quando foge da auto-crítica e incrimina a crítica, o ser humano perde essa essência humanistíca para adquirir a singularidade de um mutante-social, meio-homem e meio-gusano, vivendo da podridão dos seus semelhantes.
Sempre que uma tragédia deixa a humanidade consternada, essa procura no silêncio a expressão máxima do respeito às vítimas. Pois, um minuto de silêncio deverá ser muito pouco tempo para reverenciar as vítimas da grande "hecatombe" que tem dizimado não apenas cem, mas milhares de indivíduos contagiados pela parvoíce. A síndrome de peter pan dissemina a estupidez como regra primeira na fixação de um padrão social fundamentado no poder pelo poder. A verdadeira e sincera homenagem que poderíamos render à nossa própria espécie será a da promoção do silogismo, compreendido este como recurso que é da argumentação. A contenda, a controvérsia pura e simples, não são um verdadeiro discurso; antes, são reles discussão, motivada muito mais pelo instinto pelo que intelecto.
Reconhecendo na discreta similitude entre discordância e discórdia as substanciais diferenças entre divergência de opinião e desarmonia própria da desinteligência, teremos todos identificado no homem a sua superioridade real. Porém, conduzido este tão apenas pelo instinto, como disposição natural que é, observa-se não mais que a sua volta a um passado distante, em que ações e reações desencadeavam-se independentemente de senso, norteadas somente por primitivos impulsos.
Mais um pouco e a humanidade substituirá a palavra artitulada por linguagem onomatopéica, tal o seu desuso, tal a ausência de juízo, prevalecente nesta que já perde a feição de sociedade para assumir as características de um vulgar agregado. E, sem perfeita identidade, desfeita pelo conteúdo moral predido, a civilização retoma a sua gênese, configurando-se no modelo reducionista da sua ancestralidade.
No estabelecimento da abjeção extremada, séculos de luzes e de vozes serão substituídos por uma eternidade de silêncio, o reflexo direto da submissão do diálogo à imposição da necedade.
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