A cisão primordial do nascimento e a consequente necessidade de adaptar-se às exigências de uma realidade que confronta o ser humano com a evidência de sua incompletude (e, posteriormente, com sua finitude) o levam desejar ardorosamente o retorno do chamado estado de onipotência original, representação do paraíso nirvânico, sem angústias nem conflitos, sem desejos a demandar satisfações e, consequentemente, a imediata proposição que daí se deduz, qual seja, a da negação da vida e suas vicissitudes. O impulso que se impõe à vida e às suas manifestações, tais como o desejo de crescer e aceitar os desafios ao longo da existência, nada mais é que o instinto de morte. Seu objetivo seria, portanto, o regresso à situação de onipotência primordial.
Assim considerado, narcisismo não é o amor a si próprio, como de há muito indicado; é a incapacidade de amar até a si próprio, uma evocação do aspecto autodestrutivo subjacente na representação da volta ao estado primacial.
É nesse narcisismo que a
contemporânea sociedade dita "civil organizada", beligerante, se auto-destrói, enganada com a suposta destruição alheia, em nome de imaginada vitória da "civilização" sobre a "barbárie".
(Caos Markus)
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