CONSTRUIR A PARTICIPAÇÃO
A preocupação com a melhoria da qualidade da Educação suscitou a necessidade de descentralização e democratização da gestão escolar e, consequentemente, 'participação' tornou-se um conceito nuclear. O entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a ideia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto. De acordo com a etimologia da palavra, participação origina-se do latim "participatio" (pars + in + actio), significando 'ter parte na ação'. Para se 'ter parte na ação' é necessária a garantia de acesso ao agir e às decisões orientadas à atuação. Executar uma ação não significa ser parcela isolada do contexto integral, ou seja, ao contrário, pressupõe responsabilidade sobre a ação. E só será sujeito da ação quem puder decidir sobre ela. A participação tem como característica fundamental a força de atuação consciente, pela qual os membros de uma unidade social (de um grupo, de uma equipe) reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica, da cultura dessa unidade social, a partir da competência e vontade de compreender, decidir e agir em conjunto. Trabalhar em conjunto, no sentido de formação de equipe, requer compreensão dos processos grupais com o objetivo de estabelecer competências que permitam realmente aprender com o outro, viabilizando construir de forma participativa. Uma equipe é um conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de espaço e tempo, articuladas por sua mútua representação interna, em co-autoria através de complexos mecanismos para assumir e atribuir papéis, propostos de forma explícita ou implícita, cuja meta é uma tarefa a justificar a constituição da sua finalidade. O que se diz explícito é justamente o observável, o concreto, mas abaixo dele está o que é implícito. Este é constituído de medos básicos (diante de mudanças, ora alternativas transformadoras ora resistência à mudança). A resistência à mudança é consequência dos receios básicos: o temor à perda das estruturas existentes e o medo da ofensiva frente às novas situações, nas quais a pessoa se sente insegura por falta de instrumentação. Pode-se compreender a importância do momento de sensibilização no estabelecimento de planos, programas e projetos. Sensibilidade é qualidade de ser sensível, faculdade de sentir, propriedade do organismo vivo de perceber as modificações do meio externo e interno e de reagir a elas de maneira adequada. Sensibilizar, portanto, é provocar e tornar a pessoa sensível; fazer com que ela participe de alguma coisa de forma inteira. Um grupo obtém uma adaptação ativa à realidade quando adquire intuição (o conhecimento claro, direto, imediato da verdade), quando se torna consciente de certos aspectos de sua estrutura dinâmica. Em um conjunto operativo, cada sujeito conhece e desempenha seu papel específico, de acordo com as normas da complementaridade. A participação é fundamental por garantir a gestão democrática da escola, pois é assim todos os envolvidos no processo educacional da instituição estarão presentes, tanto nas decisões e construções de propostas (planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de instituição, acompanhamento e avaliação. Cabe, finalmente, a reflexão: trabalhar construindo a participação, no sentido do desenvolver grupos operativos, onde cada indivíduo, com sua subjetividade, possa contribuir na reconstrução de uma escola.
(Caos Markus)
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