Segundo as ocasiões e épocas, lugares e pessoas; consoante as teorias, filosofias e religiões; conforme a educação e a ciência; os dicionários buscam expressar as diversas interpretações das palavras. Ou seja, a mesma palavra, pode ter muitos significados, condicionados às diferentes conjunturas ao longo do tempo. A riqueza de sentidos do mesmo termo é uma rica fonte de aprendizagem, mas pode ser também causa de confusões. No processo de ensino, raramente se transmitem vocábulos ou conceitos isolados, mas, sim, inseridos no âmbito de uma ciência, de uma filosofia, uma teoria, um texto literário ou científico. Selecionar o sentido mais preciso de cada termo, de acordo com o objetivos a se ensinar, conforme as abordagens, é uma tarefa difícil para o professor, porque muito frequentemente, o texto é julgado na condição de certeza antecipada, sem questionamento sobre as circunstâncias do uso das palavras. Simplesmente, ensina-se o que se apresenta nos livros didáticos ou nas apostilas e nos conteúdos programáticos da grade curricular.
Todavia, o sentido do vocábulo é complexo, fluido, sujeito a mudança constante. Até certo ponto, ele é único a cada consciência, e para a mesma consciência, em momentos diversos.
A compreensão da locução é inesgotável. A palavra adquire seu sentido na frase. A frase, entretanto, tem seu nexo somente no parágrafo; o parágrafo, na conexão do livro; e o livro no encadeamento das obras completas de um autor. Em última instância, o verdadeiro sentido da palavra é determinado por tudo aquilo que, na consciência, se relaciona com a palavra expressa. Em última instância, a interpretação de um termo depende da compreensão que se tenha do mundo como um todo e da estrutura interna da personalidade.
Esta é a natureza da construção teórica contemporânea sobre conceitos. Ela explicita e resume o que são e como devem ser trabalhadas as noções, no ensino-aprendizagem escolar.
Assim, no processo de socialização do conhecimento científico é necessário ter presente que 'científico' não significa 'neutro'. O conhecimento é sempre histórico e, por isso mesmo, datado, carregando as intenções, as preocupações, as dificuldades de sua sistematização e as soluções apresentadas às questões no interregno de sua produção, até sua transposição à contemporaneidade.
Da mesma forma, o educando não ingressa neutro na escola. Antes, ele carrega consigo toda sua vivência cotidiana. Portanto, é também um ser marcado, distinguido, dotado de um conhecimento prévio. Ele vai à escola já sabendo, em alguma medida, a 'palavra circunstanciada', que então lhe será transmitida de forma mais sistemática pelo professor.
(Caos Markus)
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