Uma estrutura de pensamento, a consciência ética é algo do nosso interior, um estado decorrente da mente e da personalidade.
Estão disponíveis os modelos de conduta dos santos e dos pecadores, dos heróis e dos vilões, dos bem sucedidos na vida e dos fracassados. Mas escolher um modelo de conduta para imitá-lo não é ato da inteligência. A inteligência, enquanto estado mental, não imita, cria novo modelo, em conformidade com essa sua inclinação, para interagir com os modelos existentes em nosso meio. O que está na base de todos os modelos é a intencionalidade do ato, e a característica principal do ato moral é a intencionalidade do ato humano, porque o ato moral encerra aprovação ou censura. Por isso, o ato moral implica na consciência de um fim e na decisão de realizá-lo. Esta decisão pressupõe a escolha entre vários fins possíveis que, em dadas ocasiões, se excluem reciprocamente.
A subordinação ao outro pode não ser uma questão de escolha, e sim uma resposta do cérebro aos comandos dados intencionalmente pelo agente, sequioso para obter resultados de interesse pessoal com a submissão do outro. Nesse caso, as respostas são comportamentais, porque os estímulos foram emitidos com o objetivo de conquistar respostas de comportamento ao invés de respostas de conduta. É o corpo que responde e não a inteligência.
No campo ético, as questões se voltam para a conduta objetiva. Exclui-se o subjetivismo. A conduta como fruto de nossa consciência passa por julgamentos próprios e por julgamentos de outros. A consciência é um estado mental constituído a partir da adição de valores à estrutura mental individual, e cada indivíduo comporta-se de acordo com essas estruturas, criando um mundo próprio onde elas são os seus paradigmas. A conduta originada na vontade, cujo princípio é a consciência, pode não ser uma boa conduta, no julgamento de outros. Mentir, por exemplo, pode ser natural a quem não foi educado para falar a verdade, cuja consciência desconhece o modelo do verdadeiro, mas será estranho a pessoas portadoras de estrutura mental onde a verdade é um componente. Assim, se a consciência tiver sua formação em modelos deturpados, será normal mentir.
A consciência ética forma opiniões decorrentes da reflexão. Ela confronta a observação da realidade com o sentir da subjetividade, e nesse cotejo é suscetível de conflito o mundo interior e o mundo exterior. O que se deseja e o que se é. Uma consciência ética não está isenta de sofrer adulterações motivadas por incipientes juízos de diversas naturezas. O mundo exterior muito facilmente altera o mundo interior em qualquer espaço e tempo, dependendo da qualidade da estrutura da consciência ética, isto é, se ela aceita conteúdos das circunstâncias exteriores a si mesma. Esse abastardamento será o resultado da pressão de contextos e conjunturas sobre a fraqueza do ser, favorecida pela ignorância, inexperiência, carência afetiva; todas elas predisposições à aquisição de temores, inseguranças e submissões.
As qualidades das consciências e das estruturas mentais se diferenciam, portanto, ao nível da expressão da conduta ética, no ponto de interseção com a ambiência.
(Caos Markus)
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