O racionalismo crítico em suas teses centrais, a objetividade, o falibilismo, a negação da indução e principalmente a deflação do critério de demarcação entre ciência e os demais saberes, constitui um importante instrumento teórico tanto para as ciências sociais como para o ambientalismo enquanto movimento social. A concepção de que os problemas científicos podem ser concebidos como problematizações de questões teórico-práticas, ou mesmo de senso comum, implica que toda e qualquer preocupação humana compõe o universo das questões que podem redundar em ciência. As motivações subjetivas, enquanto dimensões espirituais são, nessa condição, legítimas promotoras das questões que, desenvolvidas em linguagem objetiva, traduzem-se em concepções científicas.
A crítica é a vitalidade da teoria, mas não a crítica minuciosa de questões pontuais sem um entendimento dos grandes problemas de cosmologia, de conhecimento humano, de ética e de política, e sem uma tentativa séria e devotada de solucioná-los. Contrário ao escolástico que sepulta as grandes idéias em torrentes de palavras arrogantes e rudes, o intelectual contemporâneo deve, em função da posição que ocupa, escrever de maneira mais simples e clara, não esquecendo que os grandes problemas da humanidade exigem novas e corajosas, mas cuidadosas, ideias.
Aquilo que se pode designar por objetividade científica encontra-se única e exclusivamente na tradição crítica, na tradição que, malgrado todas as resistências, permite muitas vezes criticar um dogma dominante. Dito de outro modo, a objetividade da ciência não é uma questão individual dos diversos cientistas, mas antes uma questão social da sua crítica recíproca, da divisão do trabalho, amistoso-hostil, dos cientistas, da colaboração mas também das guerras
entre si. Está, por conseguinte, dependente em parte de todo um conjunto de circunstâncias, sociais e políticas, que tornam possível tal crítica.
A crítica acompanha, incita, põe em questão a explicação do problema do conhecimento (explicação subtraída de teorias, de sistemas dedutivos), as tentativas de solução, especialmente a pretensão de verdade contida nessa explicação. E o mecanismo falseador atua no sentido de mostrar que esta pretensão à verdade é falsa.
Contudo, é pressuposto do falibilismo a relativização do conceito de verdade e a adoção do conceito de aproximação à verdade.
A subjetividade é incomunicável, pois para que tal ocorresse, o ingresso em uma linguagem cujos conceitos sejam objetivamente convencionados é condição indispensável. As representações mentais não podem ser separadas da mente e expostas à visão pública de forma que um indivíduo possa ter a representação mental de outro nem se pode saber se duas representações sobre o mesmo fenômeno coincidem.
(Caos Markus)
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