Voltando a atenção para o aspecto mais próximo do cotidiano das instituições educacionais, registra-se, a despeito da existência de estudos explicitando a relação entre uso de estratégias de autorregulação na aprendizagem e realização acadêmica, a escassez de abordagens deste tema nos espaços escolares. Confirmada a contribuição dos estudos e achados da teoria sociocognitiva com as práticas educativas, são iniciadas várias ações focadas no encontro dos pressupostos teóricos com o ambiente escolar. Particularmente, o empenho é dirigido à realização de estudos sobre autoeficácia, autorregulação da aprendizagem e processos envolvidos, incluindo avaliação e intervenção. O tema da autorregulação vem sendo investigado por diversas abordagens da psicologia aplicada à Educação, sugeridas como um importante referencial às nuances teóricas envolvidas no aspecto motivacional da aprendizagem autocognitiva.
Na teoria social cognitiva, a autorregulação é um processo consciente e voluntário de direção, pelo qual é possibilitada a gerência dos próprios comportamentos, pensamentos e sentimentos, ciclicamente voltados e adaptados para obtenção de metas pessoais, e guiados por padrões gerais de conduta. Trata-se de um fenômeno multifacetado que opera por meio de sistemas cognitivos subsidiários, incluindo automonitoramento, julgamentos autoavaliativos e autorreações. Sobre autorregulação na perspectiva sociocognitiva destaca-se o seu relevante papel no exercício da atuação humana, ou seja, a capacidade do homem de intervir intencionalmente em seu meio. No caso, as pessoas não apenas reagem ao exterior, todavia, possuem a capacidade de refletir sobre ele, antecipar cognitivamente cenários construídos por ações e seus efeitos, de forma a vislumbrar e escolher cursos de ação julgados mais convenientes ou necessários, apresentando, além do desenvolvimento da autorregulação estruturada através de métodos próprios, ainda seus subprocessos de auto-observação, julgamento e autorreação.
Deve-se considerar a relevância dessas informações na reflexão dos desafios envolvidos no processo educacional facilitador de engajamento efetivo dos estudantes em seus sistemas de aprendizagem. Mas, é necessário destacar, estas informações, modelos e pesquisas não podem ser aplicados sem observação às diferenças, necessidades e especificidades das realidades brasileiras, face a regionalizações culturais, portadoras de referenciais próprios, cuja singularidade determinará o binômio 'ação e reação' interagindo na estrutura da autocognição, sem confiná-la no autoconhecimento, muito embora a prática de se conhecer melhor estimule o controle pessoal sobre as emoções (positivas ou não), sendo inegável, pois, o seu auxílio à autorregulação na aprendizagem, por evitar sentimentos de baixa autoestima, imperatividade, frustração, ansiedade e instabilidade emocional, repercutindo como importante exercício de ponderação e, por consequência, ocasionando resoluções produtivas e conscientes acerca de seus variados problemas.
(Caos Markus)
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