A desordem social ao defrontarmo-nos com o gigantismo das nossas instituições - a projeção de nossa megalomania. Uma inferioridade sublimada está oculta em nossas insólitas obras, todas muito mais voltadas para um cálido estratagema de dominação do que direcionadas ao aprimoramento da moral e do espírito.
O humano isolamento é uma experiência profunda e intimamente vivida. Assim como em Franz Kafka, as mesquinhas preocupações cotidianas da manutenção de empregos e dos lucros também escapam às leis do espaço e do tempo, "tornando-se como que símbolos de uma realidade transcendente". E uma indescritível sensação de pesadelo e mal estar é por todos nós experimentada, em invitável metamorfose.
Tudo o que se nos afigura por demais desesperador está a exigir um novo "corpo", uma nova "forma", algo mais fantástico que nos devolva a cada um de nós, depois do enorme pesadelo experimentado no dia-a-dia.
A desorientação tem sido o mau roteiro da atualidade - imaginamos seguir adiante, quando, atônitos, ainda caminhamos em círculos, sem plausibilidade alguma de evolução caracterizada por progresso real. Adiamos a maioridade da raça humana no planeta Terra, ocupados que estamos em reafirmar a convicção em poderes inexistentes.Já que se disse que o homem é um projeto que não deu certo. Porém, quem o disse foram outros homens, acreditando-se imbuídos de redefinir o juízo de valores de nossa civilização. Deveriam eles, no entanto, ouvir o conselho de Laurita Mourão: "O julgamento humano é sempre periférico e pensa-se na parte exterior das atitudes sem atentar para o profundo sentido da dor que não aparece".
(Marcus Moreira Machado)
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