Somos profundamente contraditórios. Essa é a nossa riqueza e pobreza. Riqueza, porque nos mostra como um mosaico cheio de cores diferentes, de desenhos irregulares, que, no conjunto, fazem sentido. Pobreza, porque há muitas diferenças entre o que queremos e aquilo que somos, entre o que dizemos e o que fazemos. Todos somos profundamente contraditórios. Esse é o ponto de partida para avançar. Aceitar essa precariedade, provisoriedade, incompletude.
Somos muito diferentes uns dos outros nas nossas reações, motivações, comportamentos. Não podemos impor nossa forma de ver como a única possível. Os que impõem uma única moral, um único ponto de vista, um só comportamento não entenderam a complexidade do ser humano. Os moralistas, que ditam regras, costumam esconder suas inseguranças, nas certezas que impingem aos outros, em comportamentos que costumam não praticar.
Uma das aprendizagens mais difíceis da vida é desconfiar das certezas, descrer dos que aparentam saber tudo, rever dogmas que parecem definitivos e aceitar conhecimentos mais provisórios, incertos, incompletos. É preferível viver com poucas certezas solidamente construídas, do que com muitas nunca questionadas. Nossos pais e mestres nos ensinaram aquilo que tinham como certo, em geral, de boa vontade. Nossa tarefa é reexaminar ese ensinamento, revê-lo à luz da nossa experiência e não ter medo de questioná-lo, repensá-lo e, se for necessário, mudá-lo. Nosso compromisso é com a verdade que percebemos em cada momento e não com verdades absolutas, imposições externas.
É melhor caminharmos na incerteza e aceitar nossas contradições do que agirmos teleguiados por verdades absolutas que nos infantilizam. Esse é o primeiro passo para aprender sem que sejamos impedidos de crescer, para ser mais humanos e nos realizar cada vez mais.
(Caos Markus)
Nenhum comentário:
Postar um comentário