Caminhamos rapidamente para uma sociedade muito diferente que, em parte, vislumbramos, mas ainda nos reserva várias surpresas. Será uma sociedade conectada, com possibilidades de comunicação, interação e aprendizagem inimagináveis hoje, embora com imperfeições e contradições. Ou uma sociedade de maior participação direta, que decidirá as principais questões sem tantos intermediários (com mais debates, consultas e referendos on-line).
A aprendizagem será a essência da nova sociedade: aprender a conhecer, sentir, comunicar-se e equilibrar o individual e o social. A informação estará disponível, e as formas de aprender e de organizar o ensino serão muito variadas.
As cidades se conectam, transformando-se progressivamente em cidades digitais; os serviços, o lazer e a aprendizagem se virtualizam. Pesquisar qualquer assunto em grandes portais de busca ou base de dados será banal. A maior parte das pessoas estará conectada nos próximos anos às redes digitais por celulares, computadores portáteis e TVs digitais interativas, com utilização muito divergente e contraditória, mas as possibilidades de interação serão sempre crescentes.
Os processos de comunicação implantados serão profundamente diferentes dos atuais. Estaremos permanentemente interconectados através de imagem e som e poderemos interagir quando o acharmos conveniente. Mas as tecnologias evoluem muito mais rapidamente do que a sociedade e sua cultura.
A cultura implica padrões, repetição, consolidação. A cultura comunicacional e educacional, também. As tecnologias permitem mudanças profundas já, hoje, que praticamente permanecem inexploradas pela inércia da cultura tradicional, pelo medo, pelos valores consolidados. Por isso sempre haverá um distanciamento entre as possibilidades e a realidade.
O brasileiro é um povo, em geral, acolhedor e aberto. Ao mesmo tempo, pela mentalidade dos que querem levar vantagem e da falta de punição real para os poderosos, aumenta a desconfiança de tudo e de todos, o que esgarça as relações sociais. O individualismo prevalece sobre o sentimento de solidariedade. Pesquisas mostram que o brasileiro é um dos povos mais desconfiados do mundo, que menos acredita nas saídas sociais, institucionais, embora seja generoso em momentos de crises e diante de grandes tragédias.
Os países se agrupam em blocos comerciais e políticos e, ao mesmo tempo, continuam as guerras, o terrorismo e a destruição ecológica do planeta. Aos avanços da ciência se contrapõem a ganância da indústria dos remédios, da beleza, das drogas, da venda de armas, da exploração infantil.
O ser humano avança com várias contradições, bem mais devagar que os costumes, hábitos e valores. Intelectualmente também avançamos muito mais do que na prática. Há sempre um distanciamento grande entre o desejo e a ação, entre a vontade de mudar e as decisões concretas. Nunca tivemos tantos bens para consumir, gratificar-nos, entreter-nos e aprender, nem tantas tecnologias para comunicar-nos, viajar virtualmente e informar-nos.
Ao mesmo tempo, continuamos a ser uma sociedade dividida, desigual, com uma minoria tendo acesso fácil a todos os bens, enquanto uma parte significativa da população se esforça muito para garantir um nível mínimo de sobrevivência , sem citar o um número elevadíssimo de marginalizados (excluídos), que mal conseguem sobreviver.
A abundância de oportunidades não é igual para todos. Os bens econômicos e culturais estão distantes de uma parcela significativa da população. Muitas pessoas ainda são dependentes de modelos de vida determinados pelos pais, pela religião e pela cultura local tradicional. Apesar de tudo, está se construindo uma outra sociedade, que, em pouco tempo, será muito diferente da que temos atualmente.
A sociedade aprenderá de múltiplas formas, em diferentes tempos e espaços, tanto os oficiais como os informais; na escola, na cidade e no mundo; com mestres e com colega;, com tecnologias simples e com tecnologias avançada; através do contato físico ou da comunicação em rede.
Aprendemos com os grupos que nos interessam, presencial e virtualmente. Formamos comunidades de interesses que se apoiam a distância e que quebram a hegemonia dos controles e mídias tradicionais. Uma comunidade virtual, convenientemente organizada, representa uma importante riqueza no conhecimento distribuído e na capacidade de ação colaborativa.
Existem muitas comunidades de aprendizagem, de lazer e de negócios, que abrangem todos os interesses possíveis. O espaço virtual ou ciberespaço amplia em todas as direções tudo que já conhecíamos e realizávamos, potencializado pelas possibilidades que a interação a distância em tempo real traz pela primeira vez na história. Nesse espaço, convivem vários grupos que contribuem para melhorar a sociedade em alguma área e outros que exploram todas suas mazelas e fraquezas, aumentando as tensões e contradições existentes.
(Caos Markus)
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