Você é tão esperto, tão inteligente, tem resposta pra tudo, sabe o valor das coisas, conhece a importância da amizade, não tem preconceito de raça, de cor, de credo, de tudo. Diga-me, pois, por que mais vale um pássaro na mão do que dois voando? É por que você se contenta com pouco, ou é por que o passarinho estava dando sopa mesmo e, já que não fez nenhum esforço para ter algum, então, tanto faz e tanto fez, mais vale qualquer um do que três ou quatro que daria muito mais trabalho para pegar? Hein?
Você que é politicamente mais que correto, é perfeito, não dá esmolas porque acredita que o melhor é não dar o peixe e sim ensinar a pescar, diga-me coisinha: e você, tem pescado bastante? E o quê e de quem? Olha que a mentira tem perna curta. Nem tanto quanto a sua memória, mas com certeza tem.
Se promessa é dívida, já é chegada a hora de descretar a falência da confiança mútua, e, assim, confie desconfiando, com um pé na frente e o outro atrás; e sem muita conversa. porque desculpa de aleijado não é mutreta. Afinal, pra que mentir, se ninguém fala mesmo a verdade! Nem que a vaca tussa vão acreditar em santo de casa de ferreiro. Escute: falar é prata, calar é ouro. Depois da bonança vem a tempestade; aí, então, os últimos verão os primeiros rindo ainda melhor. É ver pra crer. Assim, meio São Tomé.
Quem entra na chuva é pra se molhar, não? Se você não quer entender as regras do jogo, não dance conforme a música, nem arrisque e nem petisque, cuspindo no prato que comeu. Ao contrário, lembre-se que hoje é dia da caça; amanhã e depois de amanhã também. Mas, desesperar jamais; nunca é tarde para começar, ainda que você tenha terminado. Começar de novo, sabendo que rir, se não é o melhor remédio, então, definitivamente, é sinal dos tempos de que muita gente ri da própria desgraça, porque pimenta nos olhos dos outros é igual a comer e coçar, só vai de começar.
Se arrependimento matasse, todos nós, em uníssono, diríamos em alto e bom som: mais um herói vivo do que dois coelhos mortos com uma só cajadada. Ou seria contrário? Mais vale um covarde vivo do que a luz no fim do túnel? Vivendo e aprendendo, assim como nada de um dia após o outro. Pois, se a pressa é inimiga, quem avisa, amigo, é da perfeição uma meta.
Nessa sua, nessa nossa infinita sabedoria, compramos galinha morta na atacado e arrotamos perú na varejo, dando murro em ponta de faca, convictos de que água mole em pedra dura é a salvação nacional, nesse horizonte perdido do céu pode esperar. Isso talvez porque a mãe gentil quer padecer no paraíso. Isso, certamente, porque é nos pequenos frascos que se encontram as amostras-grátis da grande panacéia pátria.
No trem da Sorocabana, a gente faz de conta que viaja para Madagascar, Casablanca e Transilvânia, fazendo troça do Boitatá e fingindo medo do Conde Drácula. Afinal, ninguém pode dizer que "dessa água não beberei", pois, em terra de cego quem tem um olho, eu não sei, mas dizem os mudos que é rei.
(Caos Markus)
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