REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
SEGUNDA-FEIRA, 17 DE DEZEMBRO DE 2012: "A RAZÃO CALADA"
Quem foi que disse que eu não devo falar? Por que eu seria obrigado ao silêncio da conveniência? Já passei toda uma infância e juventude observando e assimilando a indignação e a perplexidade dos mais velhos, traduzida por uma "indiferença" estratégica, ou, muito mais que isso, uma dissimulação frente à ditadura a que estivemos todos neste país submetidos. Agora, é com muita amargura que me observo envolvido por cenas de mais formidável tragédia, por um caos que até Zoroastro não desejaria, pela barbárie consentida e estimulada!
Todo esforço para ser feliz parece insignificante, inútil. Eu falo dessa felicidade que não depende das pessoas a quem a gente ama, que não se completa com o amor que sinceramente nos dedicam. Eu falo da felicidade de francamente podermos vislumbrar uma nação governada pela tradição de comuns aspirações; é de um povo vivendo sob a perspectiva de uma pátria auspiciosa de que eu falo. Basta de tanta dissimulação, chega de inútil pranto pela morte imediata de milhões de almas vítimas da sofreguidão!
Quem ainda espera uma guerra civil entre nós, não mais deve alegar inocência. A convulsão social é sinal da indefectível reação à miséria generalizada a que estamos reduzidos. Não mais que isso - somos, no mínimo, cúmplices da nossa própria sentença de morte. Ironicamente, contribuímos na construção do patíbulo de nosso suplício. O odor acre da carnificina suspende a respiração; impregnados de maldade, marchamos rumo à fatalidade, corroídos pelos vermes da desgraça.
Quem foi que disse que eu devo me calar? Ao contrário, eu quero gritar na esplanada, no desfiladeiro, nas salas secretas das reuniões conspirativas que enodoam o espirito e aviltam a razão! Embora não me caiba a fantasia justa de um fiel mosqueteiro, ainda que eu não seja um imaginoso fidalgo perambulando pela aldeia de Mancha, busco - como em Cervantes - um hino em louvor da fantasia e da força poética fundamental da alma humana. Num país onde parece não haver mais lugar para a bondade e a pureza é preciso admirar o delírio, até também admitirmos: "A razão da sem razão que à minha razão se faz, de tal maneira a minha razão enfraquece que com razão me queixo de vossa formosura...".
(Caos Markus)
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