REMETENTE e DESTINATÁRIO alternam-se em TESES e ANTÍTESES. O ANTAGONISMO das CONTRADITAS alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
SEXTA-FEIRA, 14 DE DEZEMBRO DE 2012: "A FAVOR OU CONTRA"
Inquestionável, a cepa se forja pela Educação, e essa, em consonância com a raiz latina do vocábulo, não é outra coisa senão “conduzir”, compreendendo-se, pois, a maior ou menor maturidade de uma nação a partir dos propósitos que a conduzem.
Pois bem, sempre fui um crente nessa acepção, quase mesmo um devoto, buscando difundir entre os meus alunos a importância, a grandeza de uma sociedade sustentada no conhecimento ilimitado, no saber humilde na reflexão constante e no questionamento como verdadeira propulsãodo progresso humano. Trata-se de nunca permitir o desaparecimento daquela que eu, particularmente, venero e chamo de “A Idade do Por Que”, isto é, a fase em que a criança de tudo quer saber, não se contenta com meia-resposta, e aprimora seu poder de indagar, esmiuçando, com que a dissecar em infinita multiplicidade a seções de um ordenamento aparentemente rígido, inflexível , imutável.
Assim sendo, dei ouvidos a um aluno que me perguntava: "-Professor, você é a favor da pena de morte?".
Diante da minha resposta desfavorável à pena de morte, ele, um tanto indignado, redarguia aquilo que imaginava ser contra-senso da minha parte: "-Como eu poderia pensar dessa maneira, logo eu que aparentava ter uma mente aberta, não condicionada pela moral de uma sociedade, massacrante e hipócrita?”.
Lembro-me de que respondi, inicialmente devolvendo-lhe eu também uma pergunta: "-E você, meu caro é contra ou a favor do aborto?".
Ele me respondeu: “-Mas, é lógico que sou contra o aborto! Ninguém pode tirar a vida de ninguém!”.
Como o aluno não se desse conta de sua própria resposta, eu pude acrescentar: “-Mas se você é a favor da pena de morte e ao mesmo tempo contra o aborto, como é que fica? Quer dizer, você deixará uma criança nascer, crescer, e depois, se essa criança se tornar um delinquente, você decretará a pena de morte para ela? De quem é o contra-senso?! Meu ou seu?!! Então, por que você não 'mata' essa criança de uma vez, impedindo-a, através do aborto, de nascer?".
Meio confuso, não se deu por vencido (o que achei ótimo). E me lançou de supetão uma nova pergunta, dessa vez um tanto acusativa: “-Quer dizer então que você é a favor do aborto?”.
No que eu respondi: “-Quando eu lhe disse que era contra a pena de morte você não me denunciara por uma resposta que não sabia de antemão qual seria. Agora, de fato, você pretende ter como resposta juntamente aquela que lhe seja favorável, para não precisar reconhecer a sua incoerência diante da fragilidade dos seus argumentos. Se eu lhe responder que sou favorável ou contrário ao aborto, tanto faz tanto fez. Não quer é admitir: você nunca tinha verdadeiramente refletido sobre temas tão controvertidos, aceitando então, pelo mesmo condicionamento social recriminado, o preconceito a respeito da suposta validade da pena de morte".
Naquela noite, eu fiquei sem meu precioso cafezinho do intervalo.
(Caos Markus)
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