O golpe de 64, no Brasil foi o marco zero de uma ofensiva econômica e política do imperialismo e da sua aliança local, ampliada no panorama de toda a América do Sul.
A partir de então, mais acentuadamente em 1968, o Brasil passou a ser o alvo preferencial dos investidores de empresas multinacionais, considerados todos os demais países sul-americanos.
Com efeito, não por menos, o Brasil assumiu a função de guardião continental.
Através de uma coalizão com a burguesia nacional, tanto militar quanto econômica, os Estados Unidos, aqui, disseminaram a idéia da responsabilidade brasileira na luta contra-revolucionária pelo continente afora, para, em troca, 'permitir-nos' ser o pólo a partir do qual a organização imperialista estabeleceria seu planejamento de integração econômica e de exploração subcontinental.
No final dos anos 60, a maior parte dos investimentos das multinacionais americanas, européias e japonesas foi concentrada no Brasil, impulsionando a economia do país, ao passo em que as economias da Bolívia, Paraguai, Argentina, Chile e Uruguai, os paíse ditos 'periféricos', experimentaram pouco progresso, ou, em alguns casos, até mesmo quadros recessivos.
Perceptível, nos bastidores desta 'evolução', acentuada tendência de procura, pelas multinacionais, de uma 'racionalização' das economias latino-americanas, visando, sim, a conquista do hemisfério com a hegemonia norte-americana.
A "integração", enfim, realizável somente com a destruição das economias nacionais.Evidente restou o objetivo dessa política: nova divisão internacional do trabalho ao sul do continente americano, utilizado o Brasil como meio na consecução da empreitada, e limitado cada um dos nossos vizinhos a especialização de determinados produtos, dirigidos a equilíbrio no mercado regional, como reflexo direto das metrópoles do imperialismo.
Via de consequência, confirmou-se um enfraquecimento das burguesias locais no controle relativizado das suas próprias economias, em favor da dominação sempre maior dos Estados Unidos, acompanhada da "superioridade" para cá trazida pelos norte-americanos.
Nota-se, pois, que houve no período um 'subimperialismo' brasileiro, traduzido por sua supremacia em relação aos demais países da latino América.
A 'lógica' na procura do máximo lucro, percebe-se, enfraquece o capitalismo, caracterizando o imperialismo atual a inevitável contradição. Porque, de um lado, ele deve ampliar sua base de acumulação (explorando um maior número de trabalhadores). Mas, de outro, a fim de pôr na prática o seu objetivo, o imperialismo faz da super-exploração a sua norma, com a queda de poder real de compra dos trabalhadores.
O resultado é a contração de mercados nos quais o capitalismo deveria vender as suas mercadorias.
Muito do que atualmente se vê na debilitação da economia norte-americana é consequência, a longo prazo, do seu anterior enriquecimento a curto prazo.
Infere-se, o imperialismo tem o seu "calcanhar de Aquiles". Contudo, o surpreendente é que a queda desse domínio imperialista ocorra pelo passo em falso do 'gigante', torcendo o 'calcanhar'.
Até que, uma vez no chão, o seu próprio peso o impeça de se levantar.
Talvez uma 'ironia', a constante preocupação dos EUA com a contra-revolução limitou a sua ocupação em instrumentalizar meios para impedir uma "contra-evolução" da sua hegemonia.
(Caos Markus)
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