O título de "cidadão" remonta aos primeiros dias do mês de outubro de 1774. Nasceu das seguintes circunstâncias: Beaumarchais, tendo um processo com um conselheiro, pleiteou em pessoa a sua causa ante o Parlamento, apelando pela primeira vez à opinião pública.
"Sou um cidadão -declarou o autor de 'O Casamento de Fígaro'- isto é, nem financeiro, nem abade, nem cortesão, nem favorito, nem nada que se possa chamar Poder... Sou um cidadão, quer dizer, alguma coisa de novo, desconhecido, ainda inaudito em França. Sou um cidadão, isto é, o que os senhores deviam ser há duzentos anos e hão de ser dentro de vinte, talvez..." A defesa de Beaumarchais obteve grande êxito. A datar desse momento, o título de "cidadão" foi adotado por todos aqueles que se considerassem espíritos livres.
Hoje, passados já mais de 200 anos desde a declaração daquele verdadeiro precursor da Revolução Francesa, Beaumarchais, as expressões 'cidadão' e 'cidadania' são usadas, muito frequentemente, em significação não condizentes com a sua mais ampla valorização. E, pior, têm seus significados impropriamente vinculados ao conceito de 'democracia', como se esta devesse corresponder, de imediato, ao 'Estado de Direito',
Porque, de fato, a 'cidadania', isoladamente', é a relação entre entre o indivíduo e o país no qual ele vive. A 'cidadania' depende, pois, da nacionalidade do dito 'cidadão'.
No Brasil, por exemplo, a palavra 'nacionalidade' é utilizada para distinguir brasileiros de estrangeiros, ou a fim de determinar a que país um estrangeiro está ligado legalmente.
Nota-se, entre nós brasileiros, a melhor compreensão de 'cidadania' (a independente de idade, cor, raça), aquela consagrada ao ser humano enquanto gênero; essa "cidadania" não é a exata tradução da contida no nosso texto constitucional.
Ainda que necessariamente respeitadas as proporções, aqui temos o havido na Antiguidade, no denominado "berço da democracia", a Grécia,
Sem embargo, no Brasil, 'cidadão' ainda é título concedido, outorgado, quando, ao contrário disso, a única real cidadania obtem-se através do seu auto-reconhecimento, assumida então por quem possa intitular-se 'cidadão'.
(Caos Markus)
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