Mais acentuadamente no curso do século XIX, com fortes reflexos nas 5 primeiras décadas do século XX (e ainda agora remanescente); ao mesmo tempo em que o princípio da 'autoridade paterna' regia a 'instituição familiar' (sob o fundamento da necessidade do provedor econômico), às mulheres (excluídas do processo na relação capital-trabalho) somavam-se as crianças; umas e outras submissas, sob o jugo de uma 'moralidade' castradora. Essa 'autoridade', contudo, possuia maior significância (hoje ignorada), posto que representava 'ser autor de algo'; sentido a atribuir ao homem (na condição de provedor) a responsabilidade por seus dependentes, sem confundir-se o encargo com 'posse do poder' (este, via de regra, sem a tal contrapartida, desonerados os seus detentores do cumprimento de qualquer obrigação, ontem e hoje). Assim, ao pai também cabia prover os 'padrões morais' de sua época, na competência e dever de mostrar o caminho então entendido como a mais correta referência a ser seguida; sinalização à prole, principalmente, que por seu turno repassaria mais tarde aos seus descendentes os valores recebidos.
Atualmente, face a 'integração' acrítica do indivíduo na sociedade, desde a sua etapa 'global' até o estágio da 'globalização'; ante a dissolução da entidade familiar (se comparada aos padrões anteriores); e frente ao consequente abandono desse mesmo indivíduo, à mercê da universalidade de novas instituições; faz-se necessário designar à 'família' outro significado, qual seja, o de um "espaço" destinado à preservação da 'autonomia' (sem confundí-la com 'independência').
Em nossa contemporaneidade, o pai obedece fora de casa, consoante uma "racionalidade" absolutamente "irracional". Todavia, ainda reina em casa.
Diversamente do que se passa na vida pública, agressiva e concorrencial, na 'família' contemporânea as relações não são medidas pelo valores do mercado. Nela, os indivíduos não se contrapõem como concorrentes em disputa pelo emprego, pelo capital ou lucro. Nesta 'família', o homem continua mantendo, sim, a possibilidade de agir, mas não apenas como uma função ou um negócio.
A 'família' atual não conduz à autoridade burguesa (a autora da estrutura seletiva e excludente), como muitos querem crer. Ela constitui-se em prenúncio (remoto, entretanto preexistente) de uma condição humana aperfeiçoada, somente não mais perceptível em razão da transição ('crise'), da passagem de um para outro estágio da civilização, mensurável através da História, apenas.
(Caos Markus)
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