Com muita frequência, toda pessoa absolutamente severa consigo mesma arroga-se o direito de ser também rigorosa ao extremo com as demais, vingando-se mesmo nos outros indivíduos pela dor cujas emoções não pode manifestar, reprimindo-as.
Ora, a angústia não deve ser contida, pois quando tolhida, quando o indivíduo não se permite ter tanta angústia quanto esta realidade merece, então, provavelmente, desaparecerá grande parte do efeito destruidor dessa angústia camuflada e desviada.
A compaixão, diferente, encontra sua força no fato de estar ligada a um ser particularizado, único, não podendo por isso ser generalizada. Trata-se de uma tristeza mimética, que compartilha igual sofrimento; levada, portanto, a desejar o fim dessa tristeza.
Muitos se esforçam ao máximo para livrar da miséria um ser pelo qual sentem compaixão.
Assim abordada, a emancipação nunca é possível em termos gerais.
Somente há emancipação do indivíduo, na medida em que nele se concentra o conflito entre a autonomia da razão e as forças obscuras e inconscientes dominando essa mesma razão.
(Caos Markus)
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