Cada um de nós quer existir. Não deseja outra senão realizar o seu projeto de ser ele mesmo. E extamente por esse caráter é que negamos os objetivos alheios aos nossos próprios desígnios, buscando -na medida do nosso poder- utilizar dos outros para realizar, imprimir efetividade à meta que idealizamos.
Dessa maneira, a existência que se nos afiguraria como bem supremo, caso houvesse uma única consciência, torna-se um mal, face a existência do outro.
De fato, visto que o outro, além de mim, também existe, eu deveria existir a sua existência, ou seja, partilhar dos seus projetos e sentimentos. Pois, encerrados em nossa própria existência, não nos é facultado compreender mais ninguém. E, contrapartida, tampouco podemos nos fazer compreender por quem quer que seja.
Com efeitos, o caráter a nos distinguir dos demais seres é, ou deveria ser, a consciência, a confirmar a minha, a sua, a nossa presença no mundo. Afinal, somente o homem existe para si. E por isso, há um mundo para nós porque temos em nós um mundo. Então, o mundo material dos objetos adquire duplicidade através de representações pelas quais conhecemos o mundo exterior.
Ignorar a exterioridade é desconhecer a consciência. Desconhecê-la é menosprezar a si mesmo.
(Caos Markus)
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