Todas as verdades humanas, para terem significação cognitiva, são submetidas aos critérios de uma verificação experimental. A experiência humana em geral deixa-se confundir com a experiência científica em particular.Tudo se passa como se os métodos da ciência devessem ser universalmente válidos, e como se a preponderância das preocupações científicas e técnicas merecesse ser considerada enquanto verdade eterna. Semelhante atitude, que pretende submeter a totalidade dos valores à jurisdição da chamada verdade científica, está fundamentada em um juízo de valor prévio, praticamente impossível de ser racionalmente justificado. Porque não se pode procurar a verdade do mundo exclusivamente na ordem das essências físico-matemáticas. Além disso, os princípios das ciências, às quais reputa-se extremo rigor, necessitam ser criticados, revisados, reformulados; e sua validade não pode impor-se num sistema dogmático, revestido de pretensa dignidade sacrossanta. Diversamente, à sua "certeza" contrapõe-se um complexo de linguagens técnicas destinadas a evidenciar este ou aquele aspecto da realidade sempre mais ampla e de difícil compreensão.
Por tais motivos, nenhum discurso científico pode pretender alcançar e superar a verdade de tudo o que é. Cada discurso tem que remeter a outro, mais completo, no horizonte comum dos discursos parciais, entendido na retórica da realidade humana, tal qual pode o homem descobrí-la, no contexto de sua própria condição no mundo.
(Caos Markus)
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