A maioria das democracias modernas pretende ser desprovida de classes, mas na realidade não o é. Não mais existe o "sangue real", a nobreza e os escravos, porém, certamente, temos classes altas, médias, baixas; apesar do fato de que quase todos se vêem a si mesmos como representantes da classe média. Em nível individual, nos deparamos com a procura de status, ascensão social, lutas pelo poder político ou por proteção; com o desejo de riqueza financeira e disputas pelo prestígio. Quer se trate de uma promoção, um marido, um lar, o ingresso numa universidade, um automóvel.... os seres humanos são indubitavelmente orientados para o status. Em algumas culturas, esse status pode ser deduzido pelo número de vacas ou de serviçais. Embora esse embate na conquista do prestígio raramente conduza a lutas abertas, algumas pessoas estão sujeitas ao aniquilamento ou à exploração, rumo ao topo. E a violência, assim, não é evitada, contudo, apenas indireta.
Os seres humanos inventaram rituais incríveis a fim de se sentirem na liderança. Tentam adquirir propriedades, dividem-nas criteriosamente, e estabelecem rígido monopólio sobre imensa parcela dos bens materiais,
Genericamente, os indivíduos tendem a ligar-se a seus entes consanguíneos, seu lar, seu grupo étnico, sua escola, seu partido político. Qualquer investigação dessas fronteiras rapidamente revela elaboradas defesas.
Ora, se animais dominantes são, em geral, maiores, mais fortes e mais velhos que os seus subordinados, mantendo prioridade na escolha dos alimentos, dos parceiros e do território, através de hierarquia responsável pela diminuição dos conflitos, de forma a canalizar a agressividade para fins construtivos; já aos homens a sobrevivência das melhores não é a lei.
Diversamente, os seres humanos discutem sobre espaços e propriedades sem que para isso seja necessário subscrever teorias de um instinto territorial. Em tais discussões, são dispensáveis quaisquer pressupostos acerca de mecanismos subjacentes, sem admitir-se, jamais, que esse comportamento reflete resquícios de mecanismos encontrados em animais.
Nem 'bom selvagem' nem 'besta-fera', somos de fato (e por direito auto-concedido) raros espécimes da Natureza, mesmo considerando os 6,5 bilhões de pessoas na face da terra.
(Caos Markus)
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