Fazendo um paralelo com Freud (considerando sua busca, através da meta-comunicação, dos problemas que afligem o paciente enquanto vítima do próprio inconsciente), também Marx assim procedeu, mas o fez em relação à estruturas sociais. Razão pela qual é possível afirmar que ambos permitem sustentar o conceito de dominação e ideologia como consequência do processo de comunicação pertubada, não obstante isso tenha mais clareza no terreno da psicanálise, enquanto menor é a sua evidência na abordagem marxista. Na verdade, a crítica inicial a Karl Marx é formulada quanto a ausência de um pensamento suficiente para prevenir a redução positivista da teoria do conhecimento, justamente ao reduzir o ato de auto-produção do gênero humano ao trabalho, impedido de compreender o seu próprio modo de proceder. Ou seja, Marx tinha tudo para caminhar nessa direção, contudo, de maneira análoga a Hegel, abandonou uma concepção peculiar (a da comunicação), reduzindo a ação comunicativa ao agir instrumental, sob a denominação de 'praxis social'.
Por isto mesmo, é preciso reconstruir o materialismo histórico, refazê-lo com absoluta fidelidade à sua intenção. E no caso, portanto, esse projeto equivocadamente abandonado (o da teoria da comunicação) poderá se constituir no próprio materialismo histórico renovado. As estruturas da intersubjetividade são tão constitutivas para os sistemas sociais quanto as estruturas da personalidade.
(Caos Markus)
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