Hoje, inegável, o advogado também se proletarizou. Nada mal, não fosse a “remuneração” aviltante, escorchado o profissional por “honorários” insignificantes que, mesmo assim, o governo ( ou a falta dele, seria o mais correto ) paga quando bem entende, reservando-se o direito de tão somente “assumir” a sua própria falência, como se estivesse isento de dever, imune. Ora, sabe-se que muitos “beneficiados” pela Assistência Judiciária a procuram no intuito de isentarem-se do pagamento de custas processuais e até mesmo de perícias; e, de sobra, levam de graça essa figura híbrida, nem funcionário nem servidor público, nem autônomo nem liberal, uma ficção de assistencialismo estatal, uma vítima também da mendicância institucionalizada. Pois, igualmente ao número mais reduzido do que, verdadeiramente pobres, procuram e obtém a justiça gratuita, os advogados prestadores desse serviço tropeçam também no comodismo já tão peculiar aos profissionais da Educação, depauperados por vencimentos que são o reflexo da mais espetacular indiferença e hipocrisia de sucessivos governantes. Assim o advogado passa a não contar com os seu honorários pelos serviços que presta na Assistência Judiciária, tratando-os como uma “poupança” incerta que eventualmente poderá servir para cobrir alguma despesa. E a Justiça, por seu turno, torna-se um evento adiado.
(Marcus Moreira Machado)
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