Ao tempo de Dona Maria Leopoldina, primeira esposa de Pedro I, não havia no Brasil nenhuma Delegacia da Mulher. Infelizmente. Caso contrário, não teria a nossa primeira dama, digo, imperatriz, sofrido as sevícias que sofreu, constantemente espancada que foi pelo consorte, vítima mesmo de pontapés no ventre quando grávida, o que teria ocasionado a sua morte.
Mas, por outro lado, o país, durante o período administrativo do príncipe Maurício de Nassau, possuiu um tipo de câmara municipal que parece ter servido de modelo a muitos atuais vereadores. os 'escabinos' (expressão equivalente a uma determinada categoria de magistrados) já àquela época tinham a reputação de ambiciosos, avarentos e tirânicos, e, embora sua gestão tenha sido considerada eficiente, a 'Câmara dos Escabinos' era muito mais temida que respeitada.
Se diferença existe com os contemporâneos edis, é que esses não demonstram competência alguma, ineficientes que são, só guardando semelhança com os seus antigos pares no que diz respeito à ganância.
E hoje, quando tanto se fala em separatismo, forçosamente temos na lembrança uma "República de Piratinim", instalada na Serra dos Tapes, por dez anos. ou, também, uma "República Juliana", proclamada pelos insurrectos gaúchos, no movimento farroupilha, na Vila de Laguna, Província de Santa Catarina. Ou, ainda, uma "República Baiense", dos partidários do Dr. Francisco Sabino Alves da Rocha Vieira. E, convém lembrar, não se imaginava à época qualquer concepção nazi-facista, como o hodierno movimento separatista no país, ou - mais corretamente - 'A Revolta dos Ricos', em que 'as regiões mais ricas querem jogar as mais pobres para a periferia', como assevera Mário Maestri, ao explicar o fim provisório dos ideais universalistas, com a queda do Muro de Berlim.
À sua maneira um tanto peculiar, Portugal, ao tempo do Brasil colonial, promovera a 'reforma agrária' (hoje parte integrante dos discursos da esquerda política nacional), ou seja, a ocupação de terrenos incultos ou abandonados por tantos quantos fossem favoritos da Coroa, constituindo-se as 'sesmarias', tudo através da repartição de uma gleba através de 'sêsmas', o equivalente a sexta parte. Nesse caso, se há distância na forma e no tempo, há, também, similaridade entre os 'agraciados' de ontem e os 'apaniguados' de hoje. Ou não?Nesse aspecto, a cautela em nossos dias deveria ser redobrada, pois não vai muito tempo para os proclamadores da um tanto vaga 'nova ordem' recorrer ao loteamento brasileiro em minifúndios ou pequenos feudos, instituindo nova modalidade de 'capitanias hereditárias' - o início de propriedade privada para os 'socialistas' pobretões que nada possuem. O cuidado seria ainda mais necessário se pensarmos que o regime das antigas 'Capitanias Hereditárias' era o de pleno domínio, a conferir autonomia a cada lote. Podemos imaginar um Brasilzão todo dividido em centenas ou milhares de 'quinhões' aos fiéis colaboradores da Internacional?! O caos? Talvez não. Quem sabe socialistas e fascistas vissem os seus sonhos distintos realizados num único projeto!
(Marcus Moreira Machado)
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