A "direita" (se é que ela existe) acha que eu sou um impostor; a "esquerda" (se é que ela existe) acha que eu sou um traidor. Ninguém me ama, ninguém me quer! Será que todos são assim tão felizes, que não precisam de mim, um infeliz? Ou, será, tão únicos que um outro menos é ainda ,menos que isso, não é ninguém? Eu tenho as minhas dúvidas. E tenho as minhas certezas.
Eu sei que a certeza de cada um está em imaginar que o outro, além de cada um, nada sabe; porque é a melhor maneira de não se admitir a própria incerteza. Mas, em comum temos todos os dias todos, todos iguais, cheios de esperadas e não desejadas surpresas. Como essa mais comum, em que você programa uma noite daquelas, com direito a tudo e algo mais; e vem a noite; e você querendo que a noite nem tivesse vindo, que jamais tivesse existido, tão ruim que ela é. E você pensa em ir embora para lugar nenhum, pois que o seu lugar nunca existiu, depois do sonho breve, do delírio vulgar.
Ou será que eu sou um peixe fora d'água. Ou, será que eu não preciso de água, porque não sou peixe algum? O que será, que será? Será que eu já era, e vocês também? E, porque jamais fomos ou conseguimos ser, inventamos isso tudo? Inclusive que há divisão, demarcação pela idéia (que ninguém tem), pela cor (que todos têm), por isso e mais aquilo (a mais pura falta de ser)?
Eu espero você aonde não estaremos juntos: em mim e em você. Você se capacitando para ser uma possibilidade; eu me possibilitando a sua incapacidade.
Ora, ora bolas! Que mania é essa, a de precisar de diferenças, para no fim sermos assim tão iguais! Bolas, ora! Que inexplicável compulsão, cheia de razões a inexplicar tudo o que é mais simples, como é o medo, como é a breve loucura de não chegar lá porque não se sabe onde é e nem se é, ou porque é, ou deva ser!
(Marcus Moreira Machado)
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