"De onde viemos, onde estamos, e para onde vamos?" Se há uma indagação constante e comum a todos quantos questionem a existência humana, sem dúvida ei-la. Por humanidade, aliás, deveríamos entender muito mais a nossa peculiar "natureza" do que a mera questão racial, contida esta num gênero da criação. E, a prevalecer aquela "essência", é de se notar que a civilização, compreendida como um estado de progresso e cultura social, tem relegado o próprio homem a inferioridade jamais imaginada, reduzindo-o a um mutante que age ao acaso, despreocupado e descomprometido com a razão como atributo singular, e desapegado da sua transcendental condição.
A sociedade contemporânea, marcada por profundas transformações, tem na insegurança intelectual e moral a causa maior da sua degeneração, exigindo, pois, corresponde transformações na educação e seus planos, Sob esse aspecto, muito corretamente advertiu Piaget, para quem a vida coletiva se revela indispensável ao desenvolvimento da personalidade, inclusive em relação aos característicos mais intelectuais, sendo certo, então, que somente uma comunidade de trabalho, com alternâncias entre o trabalho individual e o trabalho de grupo é capaz de revitalizar uma agregação desarticulada pela ausência de idéias e de sentimentos coletivos.
Se por um lado a educação é um fenômeno eminentemente social - como já Emile Durkheim -, por outro temos, como experiência inconteste, o caos como nefasta conseqüência da omissão num imprescindível "ensino em profundidade", a substituir, necessariamente, o "ensino em extensão". Suprimiu-se, hodiernamente, a concepção racional de Voltaire, numa abordagem mais abrangente de todos ao assuntos da cultura humana, pela pressuposição de que o conhecimento é sempre mais aprimorado quanto maior for dividido em "especialidades". Naturalmente, essa a divisão estanque contribuiu apenas para o progresso técnico, prejudicando a evolução da moral que, por sua vez atrofiada, mais retrocede à barbárie típica dos primórdias do homem na terra.
Desprovidos de amplas filosofias, já nem menos perguntamos "onde estamos", ansiosos por uma sobrevivência estéril e, por isso mesmo, frágil. E não alcançamos nada além de abreviar a própria existência, decretando a morte como "garantia" da vida. Porém, por demais inconfessável, projetamos um cenário de epopéia, atuando em espetáculo magnífico e dissimulado, voltado para platéia de atônitos espectadores, todos pagantes no enredo em que são coadjuvantes.
(Marcus Moreira Machado)
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