A alfabetização na perspectiva construtivista é concebida como um processo de construção conceitual, contínuo, iniciado muito antes de a criança ir para escola, desenvolvendo-se, simultaneamente, dentro e fora da sala de aula.
Alfabetizar é construir conhecimento. Portanto, para ensinar a ler e escrever faz-se necessário entender: aos alfabetizandos se apresentarão dois processos paralelos, onde a criança procura ativamente compreender a natureza da linguagem falada à sua volta, para, logo após, formular hipóteses, buscando regularidades; e colocando à prova suas antecipações, criar sua própria gramática, quando então, ao tomar contato com os sistemas de escrita (mediante processos mentais), praticamente reinventa esses sistemas, realizando um trabalho concomitante entre assimilar a construção e adquirir clareza de suas regras (de produção/decodificação).
Toda criança passa por níveis estruturais da linguagem escrita até se apropriar da complexidade do sistema alfabético. Tais estágios são caracterizados por esquemas conceituais, distantes de simples reproduções das informações recebidas do meio. Ao contrário, constituem-se em processos construtivos, onde o "aprendiz" considera parte da informação recebida, introduzindo sempre algo subjetivo.
Importante salientar, a passagem de um nível a outro é gradual e dependente das intervenções do docente.
Durante longo tempo, a alfabetização infantil foi observada como a aquisição de um código fundado na relação entre fonemas e grafemas. Hoje se sabe, muito mais complexo se apresenta o processo de aquisição da linguagem escrita.
As intervenções pedagógicas devem ser reavaliadas, pois o importante é discernir o desenvolvimento das ideias do aluno sobre a escrita como um processo evolutivo. Ele não pode ser "mensurado" a partir das dicotomias "sabe ou não sabe", "pode ou não pode", "se equivoca ou acerta". A importância, ao contrário, está em perceber o avanço apresentado, mesmo com os "erros", se comparados à escrita adulta.
Assim sendo, o docente deve propor-se a análise com mais sensibilidade, interpretando sempre de maneira positiva a produção gráfica dos educandos.
Enfim, é preciso ter segurança no que se faz em sala de aula. Para isso, é indispensável ao educador ser, também ele próprio, um aluno. Aluno que deve 'aprender a ensinar'.
(Caos Markus)
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