A temática do niilismo certamente não é de fácil abordagem. De caráter esquivo, ambíguo e pouca clareza, o niilismo parece não aceitar definições e usos precisos, fixos e seguros. Trata-se de concepção cuja abordagem dever ser feita em seus aspectos sócio-históricos. O questionamento principal diz respeito às formas (em termos de imaginário) através das quais os sujeitos sociais lidam com propostas atuantes do rompimento de valores, instituições e sentidos pré-existentes em suas sociedades.Seus sintomas atingem inclusive a política, cujo projeto atual está esgotado.O reconhecimento do niilismo enfatiza a crise de valores atingindo uma escala global. O homem contemporâneo substitui a autoridade divina pela História, pelas tecnologias, a razão e o pretenso progresso. Iludido de ser livre em função das possibilidades oferecidas pela sociedade de consumo, esse homem tem no individualismo o cerne de suas relações sociais, apesar de um discurso vago e propagado de solidariedade, numa era de democracia digital. Nos sintomas do niilismo em nossas instituições, nota-se a pouca confiança dos seus partícipes, a restrição sempre maior dos espaços de práticas sociais solidárias, interativas, e a preocupação egoísta através dos simulacros de si mesmos, expressando o vazio de nossa sociedade. Analisando a política atual sob a ótica dessa investigação, confirma-se como o projeto político da modernidade está esgotado, apoiado em valores de uma moral que perdeu seu sentido. Radicalizar o niilismo, contudo, é a única forma de superá-lo. Negar agora para afirmar a mudança possível. A dificuldade está em apreender a consciência da dissolução em nossas experiências valorativas, não obstante sua capital importância diante das causas excludentes da vida nesta sociedade segmentada nas ruínas desta civilização.
(Caos Markus)
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