Na sociedade pós-moderna, a palavra ética vem adquirindo contornos diferentes. As pessoas, ao ouvirem-na, logo pensam em um código de deveres, em um fardo pesado, causador do reducionismo da vida, tornando-a sem qualidade. É necessário, antes, conhecer as variadas concepções sobre a 'ética'.
Sabe-se, ela está diretamente vinculada aos princípios e valores determinantes da conduta humana em relação ao meio.
A mudança do campo para a cidade, por exemplo, já alterou o conceito de ética 'pessoal' e 'coletiva'. Quando um enorme contingente de indivíduos deixa o campo para viver nas grandes cidades, nessas metrópoles, o comportamento humano é, com razoável rapidez, fragmentado pela confusão de papéis, no conturbado cotidiano de valores e (des) valores a compelir os seres humanos, dia após dia. Faltam, então, discernimento, educação e responsabilidade. Bastam a distração e o gosto pessoal para as normas perderem o sentido e a ética cair em desuso. A lei, encarregada de disciplinar o comportamento social, e os instrumentos de orientação para a cidadania, perdem sua razão de ser.
A 'ética' é, primordialmente, a transformação de valores em ação.
Como se pode observar, há um consenso na afirmação da ética como algo referente ao procedimento humano, orientado por regras de bons costumes na convivência em sociedade. Nota-se, entretanto, a impossibilidade de delimitar 'como' e 'o que' são essas práticas, ou a exata determinação do 'certo' ou do 'errado', posto isso depender do ambiente no qual o indivíduo estará inserido. Suas atitudes serão estabelecidas pelo tempo histórico, pela localização, pela sociedade na qual ele vive. E sua atuação
será definida pelo contexto por ele ocupado.
Assim, discutir o critério de moralidade, pressupõe um agir moralmente de acordo com a própria consciência, afastando-se o relativismo na interpelação da ética. Isso significa incorrer na teoria do subjetivismo ético, porque imprimem-se aos valores ou juízos éticos a dependência da aprovação ou reprovação da pessoa a emitir tal juízo, e não da sociedade da qual também faz parte.
O subjetivismo parece estar muito bem relacionado à nossa realidade, em se tratando de ética.
Essa teoria traz à evidência, porém, a restrição da possibilidade de discutir-se coletivamente o assunto. Com efeito, vez que cada indivíduo tem o direito de ter sua própria opinião, não se pode entrar no mérito de 'certo' ou 'errado', pois cada um decidirá sobre suas próprias questões, uns impondo aos outros sua particularíssima solução enquanto ética exclusiva.
Com a massificação e o autoritarismo dos meios de comunicação e das políticas, torna-se preocupante se os homens, mesmo cientes de seu papel fundamental como executores da moral, conseguem agir eticamente. Indaga-se até que ponto é possível o homem contemporâneo poder escolher entre o bem e o mal.
Por isso, é surpreendente a visão de alguns indivíduos, enxergando a ética como algo absolutamente imutável. Tal abordagem vê na ética um atributo registrado no caráter, ao tempo do nascimento de cada um, infensa a qualquer reforma, mesmo sob inimagináveis acontecimentos dotados do poder de influenciá-la, tudo como se fosse uma lista pré-definida de bons comportamentos, proporcionando a 'atitude ética' somente aos aptos a segui-la.
Ao contrário, todavia, quem verdadeiramente desejar ser ético, deverá se preocupar com a comunidade e o contexto histórico-social do âmbito onde está igualmente inserido.
Afinal, o que ele considera ético em determinada situação, estará sempre sujeito a variações noutra ocasião.
(Caos Markus)
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