O encantamento ou a negação como procedimentos humanos remontam, certamente, aos primórdios da civilização, não obstante as exceções, sempre prontas a identificar o 'ser' em seu âmago, recusando qualquer dogma de liberdade embasado no pretenso atributo do 'não ser' e do 'não estar'. Porque, sabe-se, é inadmissível "neutralidade", quando 'liberdade' é comprometimento com a natureza universal; é pertencer; é o engajamento com a vida, pela resolução dos seus problemas morais e sociais.
O "desligamento", a desvinculação, formas de uma pretensa e vaga "neutralidade", são mais que isso, elaborados artifícios comumente utilizados para couraçar, evitando-se ouvir a razão e preterindo-se a sensibilidade. Arma poderosa, a "psicologia de massas", trata de condicionar as multidões no alheamento, fazendo-as crer numa superioridade conquistada no esoterismo alienante. Lideranças políticas e religiosas têm compreendido como imbatível estratégia, na conquista e manutenção do poder, a disseminação de "filosofias" exóticas, a assegurar um inconformismo desprovido de circunspecção, mais inclinado à volubilidade.
Anular a capacidade de reação, substituindo-a pela sujeição a modelos presunçosamente libertários, não é só mera concepção; é antes de tudo instrumento de "condução". Assim é que os excluídos da 'felicidade' procuraram na "auto-ajuda" uma receita para aplacar a angústia, invariavelmente através de meios sequer paliativos, de curto alcance, mas distante da realidade o suficiente para preservar os privilégios de tantos quanto, no poder, conhecem muito bem e aplicam melhor ainda os instrumentos de manipulação, esta habilidosa forma de induzir incontáveis pessoas à auto-exclusão.
O mérito, todavia, jamais será dos 'ilusionistas' a quem se atribui grande força de persuasão. Ao contrário, o talento desses estrategistas é fruto do demérito qualificado na passividade dos egoístas omissos.
(Caos Markus)
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