Polícia é despreparada para protestos, afirmam especialistas |
A série de protestos que já levaram milhões às ruas de todo o país, ganhou os olhos do mundo pela desmedida força policial empreendida contra os manifestantes. Após prisões efetuadas aparentemente por porte de vinagre, jornalistas feridos e uma chuva de balas de borracha disparadas a esmo, não foram poupadas críticas à ação policial, principalmente por suposta omissão em situações que demandavam ação firme. A medida descalibrada entre inoperância e destempero abriu entre especialistas discussões sobre o preparo das polícias brasileiras para lidar com grandes manifestações.
Restou claro que as forças policiais têm agido pouco profissionalmente. Elas reagem muito à provocação. É fácil provocar um policial e ele sair atirando, conforme avaliação do diretor do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança da Universidade Federal de Minas Gerais. Esse tipo de baixo grau de treinamento, de erro operacional, denota ausência de um protocolo de ação. Se as manifestações, em seu início, adquiriram volume com a repressão policial, a mudança radical de postura se fez notar em atos seguintes. Manifestantes ironizaram o escasso efetivo policial. Ouviu-se nas ruas:"que coincidência, não tem polícia, não tem violência". A determinação de deslocamento da Força Tática até a região central se deu somente após registros de intensa depredação e saques em lojas. Segundo a Secretaria de Segurança, a PM "não interveio no episódio na frente da Prefeitura com maior força para evitar danos físicos à maioria dos manifestantes que agia pacificamente". Um ex-Comandante da PM considerou, depois das críticas:"houve determinação para que a polícia fosse o mais tolerante possível. É o que chamamos de opção pelo menor trauma. Em situação de grande aglomeração, não se intervém quando há depredação do patrimônio, por exemplo, para evitar o confronto". A mesma lógica foi aplicada em marchas pela legalização da maconha: "O uso da substância em praça pública é ilegal, mas se abre uma exceção e tolera". Um representante da classe policial no Congresso Nacional é menos polido na análise: "os policiais foram omissos com a destruição porque receberam ordem expressa de assim proceder. Eu conversei com os PMs antes das manifestações, eles me contaram". Ele acusa o Secretário Estadual de Segurança (São Paulo) de enviar os policiais às ruas sem qualquer instrução. "Eram 900 policiais soltos, cada um fazendo o que achava certo". O ex-chefe da Coordenadoria de Análise e Planejamento do Estado diz que os atropelos na condução da ação policial são herança da gestão do antecessor na Secretaria:"foi um secretário que claramente afrouxou a contenção da violência policial e minou investimentos em inteligência". Agora, o atual titular da pasta enfrenta vultos do passado, de quem preferia Rota na rua à polícia comunitária. E o resultado é este que se vê. (Caos Markus) |
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