Uma reflexão: o que desenvolverão as vindouras gerações se herdarem tão-somente o vilipêndio? Não há que se falar em enriquecer a pobreza, ainda mais quando essa diz respeito a o espírito.
Sob o efeito dessas considerações é possível lobrigar um futuro subdesenvolvido, mais familiarizado com o pretérito, jamais renovado, em perpertuação da promiscuidade gerada na satisfação exclusiva do hedonismo.Por extensão, tudo o que acreditamos ser para nosso regozijo deverá, também, nos pertencer essencialmente; e como é bastante frequente o nosso amor aos prazeres materiais, por expressão do indomável instinto, o mundo todo se nos a figura luxuriante e disponível.
Assim é que, movidos por essa tendência ingênita, imaginamos possuir as musa dos nossos mais particulares caprichos através da posse daquilo que aparente ser a representação máxima do seu âmago. E, também irrecuperáveis fetichistas, ansiamos senhorear os objetos reprodutores dessa quimera.
Já despidos da ética e moral, abjuramos a doutrinas convenientes à pragmática, em deliberada apostasia. Pois, a sociedade é condicionada e reduzida a um imenso cabaré, orientada apenas para a profusão da selecionada clientela. Leões-de-chácaras cuidam, no caso, de aliciar os fregueses, prometendo-lhes a segurança contra eventuais molestamentos.
A licenciosidade desse repreensível festim reveste-se de incerta normalidade, adotada mesmo como não-cogente, possibilitando à vontade particular sobrepujar-se à norma coletiva, em reconhecimento do individualismo com índole. Assim, a excentricidade é padronizada adquirindo status de verdade definida no tempo.
Negar, então, a desordem orgíaca como concepção comunitária será readmitir o homem como ser inteligente, capaz de discernir sabedoria e riqueza, estabelecendo o justo valor de cada uma delas, em resposta ao porquê de os estudiosos sempre baterem à porta dos ricos, enquanto os ricos não são inclinados a virem à porta dos estudiosos: os estudiosos conhecem bem a utilidade do dinheiro, mas os ricos ignoram a nobreza da ciência.
(Caos Markus)
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