O decorrer do tempo só pode ser concebido enquanto inexorável redução da complexidade do imprevisível e, por isso, não planejado. O que flui no passado não pode mais ser alterado. Entretanto, pela estabilização de estruturas apropriadas de expectativas é possível aumentar a complexidade do futuro e a seletividade do presente, de tal maneira a não prevalecer a casualidade como situação de qualquer superveniente ocorrência, mas, ao contrário, verificar-se a racionalização enquanto escolha sensata entre outras tantas hipóteses ou variáveis. Então, o presente não é mais somente o dar sentido à experiência imediata. Diversamente, dele reivindica-se recorrer a processos apropriados de seleção, geradores do pretérito futuramente útil. E po efeito, a exigência de se viver na projeção e no desenvolvimento de planos. Nessa abertura a um futuro de altíssima complexidade, somado ao acréscimo na seletividade da experiência e da ação, reside a plausível modificação do caráter na atualidade. Enquanto preparação para o porvir desejável, a contemporaneidade se submete a regras que ainda não lhe pertencem. São normas cujo conteúdo é ocultado em significados não prontamente convincentes, posto que desprovidos de manifesta evidência. Faz-se necessário permanecerem indeterminadas, ou, quando dotadas de precisão, têm de ser elaboradas na suscetibilidade de reinterpretação posterior.
Isso poderá acontecer quer na forma da instrumentalidade valorizada, quer na forma de ideologia; tanto na forma da disponibilidade de capital ou educação, quanto na de disposição de competências e processos legitimados. Certo é que em todos os casos o futuro substitui o passado enquanto horizonte temporal predominante, perdendo o pretérito sua dimensão de exclusividade para ser levado restritivamente ao futuro, ou seja, na qualidade de capital ou conhecimento histórico, nas fronteiras da própria História.
(Caos Markus)
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