A rearticulação do movimento oparário parecia despertar a consciência de uma classe que ainda trazia o peso de uma falta de lideranças que vinham da era Vargas.
Após 1973, esse movimento parecia vir acompanhado de auto-reflexão de alguns trabalhadores com ideias avançadas. Levando ao chão das fábricas a concepção de melhores condições de trabalho, revisão da carga horária etc. Essas discussões trouxeram aos trabalhadores um salto qualitativo no seu conhecimento, aprendendo que poderiam sempre ter como último recurso lançar mão do legítimo direito de greve. As greves do ABC foram um marco na história do "novo" sindicalismo brasileiro. Não se pode negar a importância da resistência que representou São Bernardo do Campo para todo o Brasil.
Surgindo dessa nova classe de trabalhadores combativos, vivíamos, mundo afora, tempos de "abertura" sindical. Na Polônia, o líder Lech Walesa à frente das greves. Nesse clima nasce a CUT,(Central Única do Trabalhadores), dando novo rumo às lutas "sociais", retomando o fio da história sindical, avivando a memória dos que ainda permaneciam alheios àquela reorganização, de maneira a trazê-los aos "subterrâneos da liberdade", combatendo o velho sindicalismo "pelego".
Contudo, uma luta assim não era só dos trabalhadores, mas de todos aqueles que se sentiam privados dos direitos fundamentais. Dessa forma, ocorreram avanços nos direitos dos trabalhadores: redução da jornada de trabalho; em alguns casos, participação nos lucros. O sindicalismo se fortalecia, convergindo com a luta de classes sempre presente, por mais que os patrões não admitissem-na. Entretanto, revés desse movimento, a social-democracia prestou-se a mostrar quem mandava de fato, não importando qual fosse a sigla partidária na gerência do poder. O neoliberalismo apontava suas garras, através da tercerização, das privatizações, além da quase extinção da CLT, deixando os trabalhadores à mercê da classe dominante. Mas, e a CUT? O que ela fez? Ela aderiu ao sistema, filiou-se a CIOSL. Para a CUT, filiar-se a uma entidade pluralista como a Ciosl significou assumir um papel subalterno na luta do movimento operário no Brasil.
Hoje, desarticulados, reféns do poder institucional, subjugados ao Direito e à Justiça das neo-oligarquias detentoras do monopólio e da concentração do capital; restou aos trabalhadores tão-somente lutar pela preservação dos seus empregos, sequer vislumbrando defender os fundamentais direitos do vínculo empregatício.
É neste contexto que, mal iniciada essa mobilização, é decretado precocemente o seu fim, golpeado o sindicalismo, na ruptura da globalização, pelo modelo conveniente à social-democracia, o 'sindicalismo de resultados'.
(editado por Caos Markus)
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