Temos, isso é certo, medo de amar. Porque essa é uma atitude que exige responsabilidade. O ódio, ao contrário, é a rendição do ser humano à irresponsabilidade típica dos que têm medo da vida. Viver é proclamar o império da solidariedade, é exaltar a pátria da justiça no alicerce moral da existência fraterna.
Um mundo sem preconceitos que nos dividam, porque a vocação maior é para a vida. A minha, a sua, as nossas vidas que somadas não mais se distinguem.
É preciso mais que nunca dar razão ao coração. O coração sempre terá voz... a razão é ocasional, forjada por breves circunstâncias que, em dado momento, impressionam, mas, fugazes, desaparecem cedendo oportunidade a outros tantos imperativos igualmente transitórios.
"Eu quero lhe falar de um grande amor/ Das coisas que eu aprendi nos discos/ Eu quero lhe contar como eu vivi e tudo o que se passou comigo/ Viver é melhor que sonhar..."
Eu quero lhe falar do meu amor que, apesar das aparência, resiste. Ainda que tenhamos essa fisionomia grave, sisuda, de quem vive (vive?) em meio a tanta turbulência, a tanto disparate. Não fosse esse inatacável sentimento e teríamos sucumbido às agressões de tantos quantos elegeram a discórdia como conquista vil da raça humana.
Quero estar vigilante para poder, acordado, bradar aos quatro cantos em alto e bom tom o grito de alerta: "Desesperar jamais!"
Não se trata de otimismo homeopático, mas sim de resgate necessário à sobrevivência da espécie humana; resgatar o que se nos é comum e essencial - o sentimento maior que nos aproxima uns aos outros. Não existe acaso diante do Universo, e não estamos, pois, nesse mundo senão por um propósito determinado; estarmos aqui agora não é isolamento, é preparação.
"Amai-vos uns aos outros" não é parábola e, portanto, não admite interpretações diversas e contraditórias. Dificílimo, inegável, para todos nós que da evolução só cuidamos de conhecer a técnica, em desatenção ao aperfeiçoamento moral da humanidade. Mas, fundamental, se pretendermos a harmonia como confirmação do valor de nossas existências. (Marcus Moreira Machado)
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