As mal denominadas "Ciências Humanas" e a Filosofia sempre refletiram sobre os comportamentos agressivos do homem em sociedade -condutas que se manifestam tanto de forma verbal quanto de forma física, observadas em atitudes individuais ou, coletivamente, por atos sociais.
A agressividade em relação ao semelhante é, para alguns, traço natural do ser humano, a "justificar" o entendimento de que uma sociedade onde à convivência seja garantida um mínimo de harmonia e paz somente será possível se efetivadas formas de repressão dessa mesma agressividade. No entanto, para outros, os comportamentos violentos são basicamente consequências de fatores sociais que desencadeiam práticas agressivas.
A despeito do mérito dessas opiniões, de fato, é uma visão demasiadamente romântica do gênero humano pretender que sua inclinação natural possa levá-lo à simpatia recíproca e à mútua solidariedade entre os homens.
A agressividade é, inegavelmente, uma tendência. Todavia não é exclusiva, pois que confirmam-se inatas as tendências para a compaixão, para a reciprocidade.
Assim, uma maior clareza da questão exige abandonar a visão naturalista do homem, ou seja, a 'natureza humana'; e, daí, pensar sobre seus desejos e ações de forma contextualizada. Afinal, a agressividade humana e seus comportamentos violentos dependem muito de fatores sociais, dos contextos culturais, de sistemas morais.
É certo que o ser humano não é hoje o mesmo de ontem. A sua mudança apenas pode ser assimilada considerando-se fatores psicológicos e sociais determinantes dessa modificação. Porque não foi o homem que se tornou menos agressivo, mas tem sido a sociedade a responsável em reservar lugares e valores diferentes à expressão dessa agressividade.
É por demais sabido, por exemplo, que é maior a violência onde também maior é a desigualdade entre os indivíduos, considerada em termos de qualidade de vida. Essa relação de causa e efeito é muito facilmente identificada: a dignidade pessoal será cruelmente ferida quando alguém vir que nada possui, num lugar onde outros desfrutam não só da fartura, mas do mais alto luxo.
Essa situação, frequente no Brasil, explica, sem qualquer
equívoco, porque a violência não pode ser vista como qualidade pessoal , porém, como questão social diretamente relacionada à justiça distributiva.(Marcus Moreira Machado)
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