A fim de que a história possa escapar a esse massacre mal denominado 'progresso', é indispensável o rompimento com tudo que é "histórico". Romper com o 'temporal', com o conceito de história contínua; afastá-la da linearidade do progresso científico-tecnológico, tão ao gosto da racionalidade de dominação.
A racionalidade científica, que se faz passar pela única forma crível de 'racionalidade', não faz mais que recalcar aspectos valiosos da razão.E menospreza, assim, a sensualidade, a sensibilidade e a sensação.
O 'sensorial', generalizadamente, é considerado antagônico pela civilização repressiva; é preterido na hipertrofia da racionalidade analítica, pragmática e calculadora -marcada pelos números da ascensão social permissiva.
Apesar dos desenvolvimentos técnicos e científicos, é incontestável o que se nota com muita evidência: há uma regressão da sociedade, que se comprova pelas periódicas recaídas na barbárie, no ápice da civilização (com o renascer dos fascismos; através do ressurgimento dos nazismos; por meio do totalitarismo que se impõe).
Isso ocorre agora, quando a ciência recai na mitologia que ela buscava combater, mas, debilitada não mais possui uma destinação humana.
É ciência que se converte em mitologia porque ao invés de vencê-lo, ao contrário, este se tornou o conteúdo de uma estrutura dita "racional". Presente, então, o irracional na essência da própria razão. E A RAZÃO SE CONVERTE EM VIOLÊNCIA HISTÓRICA!!
Disso, uma constatação: para além do modo de dominação, no autoritário (sim!) Brasil, no liberalismo europeu ou no "socialismo real"... sempre a mesma racionalidade produtivista e destrutivista!
Ora, não por acaso, NIETZSCHE proclamava a necessidade de se "reprimir" o que chamamos de "instinto de conhecimento".
Com efeito, urge novamente questionar a razão para o cumprimento das suas promessas não concretizadas; indagar de tudo o que ficou a dever às suas próprias esperanças.
Carecemos de uma racionalidade apta a nos inserir nas contingências ao nosso redor!
Precisamos da racionalidade dotada de memória, a recordar o sofrimento passado para que a catástrofe deixe de ser a história da história.
Marcus Moreira Machado
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