Eis o dilema: como romper o ciclo fatal de uma história que se naturalizou e perdeu o seu papel humano ?
Nessa mesma história, a questão que se impõe: de que forma alterar a sua natureza que se artificializou, tornando-a espantoso espectro, irreconhecível e estranha ao humano ser que nela vive?
O homem contemporâneo, vítima de um expatriamento transcendental, parece vagar sem um suficiente princípio de razão que lhe garanta pertencer a este mundo.
Malgrado as limitações de outrora, sob os princípios cartesianos de cognição, o "conhecimento" de então fornecia uma estável referência para o hoje alardeado "sujeito da história". Agora, no entanto, já se duvida da própria identidade do "eu penso" ("logo, existo").
Afinal, quem é esse 'eu' que 'pensa' através de mim?
Sem a garantia dos princípios lógicos da identidade, da não-contradição e de uma razão suficiente no tempo, devemos construir nossa própria história, repensando a questão da atividade do 'sujeito', distanciada da ótica marxista no materialismo-histórico -voltado à perspectiva de uma revolução de caráter salvacionista.
Não há redenção plausível !
É imprescindível uma nova figura da razão, em consonância com o tempo presente: a que reconcilie seus aspectos de dominação e calculismo com sua passividade e receptividade.
Necessária, hoje, a racionalidade habilitada à nossa inserção nas incertezas da história.
Romper a fatalidade frequente na história exige uma inicial admissão: a própria história está sempre incompleta.
Não somos tão-somente os tais "sujeitos" dessa história! Deveremos, sim, acumular em único espaço as experiências de outros espaços e outros tempos, transcendendo a noção de progresso apartado do conceito de evolução.
Marcus Moreira Machado
Nenhum comentário:
Postar um comentário