Permeando os processos sociais e econômicos e as contradições
contemporâneas, emergem as que se relacionam diretamente à problemática do conhecimento e da formação profissional face ao processo de reestruturação produtiva do capitalismo global. Assim, a humanidade exige um novo perfil de cidadão e -especialmente- de trabalhador. Esse ator social adquire um viés polivalente e flexível, o que demanda uma formação voltada para habilidades cognitivas e de competências sociais e pessoais; a escola -lócus privilegiado da educação formal aceita do Capital um direcionamento mais compatível com os interesses da mão invisível do mercado; metas, objetivos e prioridades da educação formal se modificam; transformam-se as expectativas em torno da "escola", pois a sociedade passa a demandar novos valores e necessidades dessa instituição; as metodologias, métodos e práticas dentro da escola vêem-se forçadas a aderir a novos padrões que atendam aos avanços tecnológicos; a atitude/prática do professor -o trabalho docente- é alterada.
O século XXI tem demonstrado que a instituição escolar já não é o único, nem o mais ágil meio de acesso ao mundo do conhecimento, isso porque a educação formal esteve,
durante tempos, trancafiada no seu reduto de transmissora e socializadora dos
conhecimentos técnico-científicos historicamente construídos pela humanidade.
O pensamento iluminista de liberdade, igualdade e fraternidade, com uma visão incrivelmente otimista, plasmou o projeto civilizatório da modernidade, desenvolvendo os conceitos de universalidade, individualidade e autonomia. Com a universalidade, homogeneizaram-se todos os seres humanos, independentemente de barreiras nacionais, étnicas ou culturais; com a individualidade, considerou-se cada ser humano na sua dignidade de pessoa concreta não diluída na coletividade; com a autonomia, reconheceu-se a aptidão desses seres humanos de pensarem por si mesmos, independentemente da religião ou da ideologia.
Essas ideias funcionaram como horizonte intelectual, reserva de modelos cognitivos e sistema linguístico para ler e compreender a realidade.
A escola, não sendo uma ilha isolada do contexto histórico, compromete-se com o ambiente cultural, político, social e econômico da modernidade. Assim os valores do homem burguês refletem-se na educação liberal, enfatizando, por um lado, o espírito de liberdade e, por outro, o individualismo.
A educação formal, mesmo almejando os ideais de igualdade, fraternidade e liberdade, reflete, no entanto, o antagonismo de interesses da sociedade liberal e revela-se, por isso, elitista. Assim a escolarização permanece como um privilégio de classe. E o que poderia apresentar-se como um paradoxo, não é nada mais senão o conceito ortodoxo do capital enquanto primado nas relações sociais.
(Caos Markus)
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