O paradigma emergente conhecido como “pensamento complexo” traz implicações educacionais que apontam para um novo tipo de gestão pedagógica e para um novo perfil de professor.
Uma nova epistemologia da educação exigirá uma nova epistemologia do professor. O novo paradigma se apoia em uma visão ecológica que reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos e o perfeito entrosamento dos indivíduos e das sociedades nos processos cíclicos da natureza. Funda-se em uma percepção holística do mundo, na preocupação com o contexto, com o global e na visão sistêmica que enfatiza o todo em vez das partes.
Se o desafio é grande quando se trata de compreender a grande teia de relações da natureza e do mundo, imaginemos a responsabilidade que acompanha o educador, que é chamado a contemplar e a intervir educacionalmente na teia de relações da complexidade do ser humano. Como sujeito educativo, o educando terá a intervenção educativa realizada na amplitude maior, que abrange corpo e mente e no alcance maior do bio-fisio-psíquico-espiritual.
Educar dentro da visão sistêmica exige que o próprio educador tenha uma visão sistêmica da vida, e que esteja apto a reconhecer que, como os organismos individuais, os ecossistemas são sistemas auto-organizadores e autorreguladores.
Neles, animais, plantas, micro-organismos e substâncias inanimadas estão ligados por meio de uma teia complexa de interdependências, em que as relações de causa e efeito ocorrem muito raramente, e os modelos lineares não são muito úteis para descrever as interdependências funcionais dos sistemas sociais, econômicos e culturais neles inseridos.
O Educador precisa, enfim, desenvolver uma visão transdisciplinar que lhe permita fazer conexões ricas e variadas, contextualizadas e englobantes.
A educação, dentro do pensamento sistêmico, se dará segundo o modelo de "rede". O conhecimento reticular pressupõe flexibilidade, plasticidade, interatividade, adaptabilidade, cooperação, parceria, apoio mútuo e auto-organização.
Ao se buscar maior elucidação do conceito de formação, percebe-se também multifacetado, em que, todavia, se evidencia um componente pessoal que se liga a um discurso axiológico referente a finalidades, metas e valores e não meramente ao técnico ou ao instrumental, incluindo problemas relativos aos fins e/ou modelo a alcançar, a conteúdos e experiências a assumir, às interações sujeito-meio, aos estímulos e planos de apoio no processo.
É complexa a missão do professor dentro do currículo, pois vai muito além do "tirar e acrescentar". O professor é o mediador decisivo, agente ativo, modelador e transformador dos conteúdos, o contraponto e o contrapeso contra-hegemônico. Diante de uma caracterização profissional tão exigente, ressaltam-se algumas das principais tendências atuais de formação docente que o tornam apto a mediar em um contexto de mobilidade e complexidade: a) uma formação sólida nos campos cultural, científico e profissional; b) os campos aplicados exigem planejadores reflexivos e formação continuada nos campos científico, técnico e administrativo; c) formar-se em atividade, por meio do espírito investigativo que o leva a refletir enquanto age;d) formação inicial e continuada focada no campo pedagógico e na formação básica (ligada aos conteúdos curriculares);e) formação inicial e em atividade realizada de forma coletiva.
A 'pedagogia crítica' ressalta a importância de os professores serem
profissionais 'intelectuais' e, dessa maneira, equacionar suas concepções
básicas a respeito da prática que realizam.
Tal vertente insiste em que o professor precisa interagir com o currículo, compreender e questionar suas escolhas.
Propõe, para isso, uma nova racionalidade curricular que deverá subordinar os interesses técnicos às considerações éticas. Em essência, propõe que todos professores sejam, de fato, educadores críticos; que tenham ferramentas epistemológicas para questionar as escolas e os discursos educativos enquanto corporificações ideológicas e materiais de uma complexa teia de relações de cultura e poder.
(Caos Markus)
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