REMETENTE e DESTINATÁRIO
alternam-se em
TESES e ANTÍTESES.
O ANTAGONISMO das CONTRADITAS
alçando vôo à INTANGÍVEL verdade.
sábado, 17 de agosto de 2013
QUINTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2013: "A INDISCIPLINA DA NORMA"
A INDISCIPLINA DA NORMA
Considerando o lugar de destaque conferido à 'indisciplina' entre as maiores preocupações pedagógicas contemporâneas, a compreensão deste fenômeno é procurada a partir da análise de diferentes noções. A indisciplina escolar não envolve somente características encontradas exteriormente, como problemas sociais, sobrevivência precária e baixa qualidade de vida, além de conflitos nas relações familiares, mas também aspectos envolvidos e desenvolvidos internamente, quais sejam, a relação professor-aluno;e a possibilidade do cotidiano escolar ser permeado por um currículo oculto.
Ainda um tanto discretamente, discute-se hoje a responsabilidade de a escola, enquanto instituição, não estar preparada para receber o aluno que a procura, quando é confirmada, inclusive, práticas excludentes , por si só e pelo confronto com os alunos, produzindo a indisciplina, em irrefutável indicação da ausente melhoria desta instituição de ensino, diante das mudanças sócio-históricas atuais. A escola recepciona sujeitos não homogêneos, provindos de diferentes classes sociais, com diferentes histórias de vida e com uma “bagagem” muitas vezes negada pelo próprio processo educacional, através de seus agentes, uma vez planificado o objetivo de padronizar as pessoas. Pois, há quem acredite que 'quanto mais igual, mais fácil de dirigir'. A escola possui mecanismos disciplinares conducentes à disciplinarização dos comportamentos dos discentes, dos docentes e de outros funcionários, inclusive da os da área administrativa. Assim, aponta a indisciplina como uma possível forma de resistência por parte dos alunos que não se submetem às normas impostas .
A perspectiva institucional sinaliza alguns indicativos da indisciplina relacionada a problemas oriundos ‘da’ e 'na' própria instituição, embora não negue a existência da intervenção de conflitos externos na relação interpessoal escolar.Outra perspectiva a ser abordada é a da psicologia da moralidade. Pois, quando a disciplina é relacionada ao cumprimento de normas, a indisciplina pode ter relação com a desobediência às normas. Porém, há duas causas para a não observância: a revolta contra os preceitos ditos reguladores, ou o desconhecimento deles.A moralidade está relacionada às regras. No entanto, nem toda regra tem vínculo com a moralidade. Para isso ocorrer, seu princípio deve ser o de justiça, não podendo o procedimento ter sido imposto, coercitivamente.
O desrespeito às regras pode ser sinal de autonomia, significando resistência às imposições e ao autoritarismo. Não se pode negar, a indisciplina tem vínculos com a educação moral recebida; advém da forma de relação professor-aluno; e guarda, também, ligação com a existência de um currículo oculto excludente e suas imposições. Estas análises, entretanto, devem promover discussões em busca de caminhos aptos a resolver ou amenizar o conflito, pela abordagem direcionada ao desenvolvimento do aluno enquanto 'ser moral'.
'Educação' é aquela que provoca a ascensão do ser humano, incumbindo-se, portanto, de conduzir o educando ao esclarecimento. Esclarecimento traduzido em capacidade de agir autonomamente. Para o indivíduo alcançar a autonomia moral há imprescindível necessidade de o ambiente escolar ser cooperativo, pois, as virtudes morais não são transmitidas verbalmente e sim construídas nas relações interpessoais, estimuladas de forma ativa durante a infância e a adolescência, e não ensinadas por transmissão verbal.
O ser humano tem, invariavelmente, duas tendências morais: a heteronomia e a autonomia. A progressão moral se dá em níveis, seguindo da heteronomia até a autonomia, condicionada a fatores tangentes às experiências entre pares, nas relações interpessoais. Desta forma, pais e professores devem estar atentos às normas estabelecidas em suas relações, compreendendo a educação enquanto algo dado pelo próprio comportamento, pela própria postura e juízos morais.
Frutos do desenvolvimento moral, há duas alternativas: formar personalidades livres ou conformistas. É inevitável, portanto, considerar a educação moral presente na formação do ser humano enquanto indivíduo. Consequentemente, um dos seu fins deverá ser, justamente, o crescimento pleno do educando, ou seja, de suas funções mentais.
Conclui-se, existe uma congruência entre as propostas apontadas sob a ótica da psicologia da moralidade e sob o foco da psicologia institucional, centrada, principalmente, na relação educador-educando, sugerindo o prevalecimento de princípios morais no cotidiano escolar, dos fundamentos da cooperação, direcionados a despertar a autonomia nos discentes.
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