Conhecer os significados das palavras 'educação' e 'ideologia' é óbvia premissa para o entendimento do conceito 'educação ideológica. 'Educação' significa o ato ou processo de educar (se), abrangendo qualquer estágio do seu desenvolvimento, com abordagem da aplicação de métodos próprios dirigidos à formação e ao progresso físico, intelectual e moral do ser humano, observando-se os costumes da vida social. Equivale a dizer, educação é um ato de aprendizagem formal e/ou informal, processado de maneira didática e espontânea, levando o indivíduo à percepção da memória e dos sentidos.
Em acréscimo, etimologicamente, 'educação' vem do latim "educationis", ou seja, "ação de criar, de nutrir", cultura ou cultivo de algo traduzido e sabedoria. Considerada enquanto filosofia cuja meta é o equilíbrio em todas as instituições, através de uma pedagogia criadora de cultura e conhecimento didático; logo, pode-se afirmar, 'educação' é o próprio comportamento manifestado tanto pela moral quanto pela ética, contextualizada na ampla formação do ser humano.
Já o conceito de 'ideologia' tem origem no termo francês "ideologie": inicialmente, os estudos das ideias; mais tarde, o conjunto das ideias adquiridas com a realidade.
Filosoficamente, é a ciência ocupada em estudar a origem das ideias humanas e as percepções sensoriais do mundo externo.
'Ideologia' é, enfim, um conjunto de representações, impostas por segmentos como uma verdade acabada e universal. Uma dicotomia entre a forma de pensar e o real, portadora, assim, de concepção negativa dela mesma.
Para os marxistas são os conjuntos de ideias presentes nos âmbitos teórico, cultural e institucional das sociedades, ou crenças, tradições, princípios e mitos presentes em determinado grupo social, a defenderem os seus pessoais interesses, quer religiosos quer políticos ou econômicos.
Somente a partir de todas essas considerações poderão ser debatidas as questões da 'educação ideológica' e dos seus pilares de sustentação, quais sejam, a família, a escola, igreja, mídia, clubes, e qualquer outro lugar onde o Estado repassa a sua ideologia, reproduzindo-a, e com tanta repercussão a ponto de hoje encobrir a educação brasileira, face a modelos cujos objetivos limitam-se à difusão e preservação da ideologia da classe dominante, utilizando as escolas e os seus projetos pedagógicos como 'cápsulas de alienação', posto que não apenas o conhecimento elaborado, mas igualmente a filosofia educacional, são, a um só tempo, causa e efeito do mesmo fenômeno, a 'ideologia'.
O simples uso do livro didático é uma 'alienação ideológica', pois em sua imensa maioria, essas obras não condizem nem com a realidade dos alunos nem com a veracidade do contexto regional onde são adotadas, restando patente a subordinação intelectual pelo domínio ideológico.
É ela, a 'educação ideológica', a mantenedora de qualquer sistema de de governo, pois instrumentalizada para a conservação de poder do Estado.
No mundo globalizado onde vivemos, a distinção das classes sociais é sempre mais profunda, suas diferenças acentuadas, onde os conflitos, históricos, registram atrocidades análogas a períodos primitivos da humanidade.
Buscando uma educação livre dessa ideologia, encontramos a tentativa de divulgação dos valores das classes subalternas. Este confronto de antagonismos filosóficos e políticos é ao mesmo tempo alienador, porque pretende o domínio do Estado através de uma educação igualmente ideológica.
Não será utopia almejar uma escola transformadora, com uma pedagogia neutralizada por filosofia de ideias e ideais elaborados na co-participação entre educadores e educandos, libertos do império estatal.
A educação é passaporte para um mundo acima de tudo humanista e dialético, contribuindo na formação do ser através do conviver e do conhecer, pelo movimento inicial do fazer e do pensar (reflexivo, objetivo e subjetivo) do individuo, a fim de capacitá-lo a transformar e construir tudo ao seu redor.
(Caos Markus)
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