Até a atualidade, em
sucessivas etapas o homem vem evoluindo. Convém, todavia, diferenciar
‘evolução’ de ‘progresso’, pois na primeira o que se verifica é apenas o
decorrer do tempo; no segundo, o aperfeiçoamento humano é a evidência.
Quando ainda mantinha
estreito parentesco com demais animais, nele os instintos eram
predominantes . Mais tarde, sensações e emoções tornaram-se determinantes.
Em mais avançado estágio, passou a valorizar os sentimentos. Nessa nova
dimensão, não se despojou, naturalmente, de todos os seus instintos, sensações
e emoções.
Isso porque, do legado
adquirido na ancestralidade do gênero, tais características são extremamente
necessárias à manutenção da vida humana. Ainda hoje, cada uma dessas fases
possui função primígena na garantia de sobrevivência da humanidade.
O instinto (do latim
“instinctu”) é inato, ‘espécie de inteligência’ no seu grau mais rudimentar, a
guiar homem e animais mais avançados na trajetória do curso da vida, visando
justamente a ‘preservação dos seres’.
Os ‘instintos’ são
adquiridos nas experiências vividas, no confronto com determinadas situações e
nas respostas correlatas; e então herdados pelas gerações posteriores. Eles se
manifestam nos humanos, na maior parte das vezes, através das ‘reações’ a certas
‘emoções’.
Muito embora ‘decisivos na
manutenção do gênero, por motivarem o agir quando, como real necessidade, este
se impõe, não mais deveriam reger atitudes qualificadas pela brutalidade ou
marcadas por pequenez, dissimuladas sob a falsa inspiração dos ‘sentimentos’.
O instinto pode ser
convertido em inteligência quando, ao atuar respondendo às volições que lhe são
próprias, e por isso responsável na relação ‘causa/efeito, o indivíduo consegue
converter em inteligência eficaz o até então mero instinto aleatório
que repousa sobre acontecimentos incertos.
É forçoso reconhecer, parte
de cada ser humano é comandado, nos momentos de gozo e volúpia, por impulsos
irresistíveis e repetitivos, independentes de sua vontade, e não por razões
mais nobres.
A compreensão do homem
subjugado por instintos animais, por algum tempo relegada a plano secundário, é
atualmente resgatada, concebendo-se, então, o processo instintivo humano sobre
nosso comportamento como algo ainda mais rude. Assim observados, muito além de
qualquer reprovável suposição, mais nos assemelhamos aos primatas.
Na parte anatômica e
química do que foi designado como ‘id’( a parte original, da qual,
desenvolvem-se, posteriormente, o ‘ego’ e o ‘superego’), nosso cérebro é
muito parecido com os dos mamíferos abrigados em nossa casa como animais de
estimação.
Há várias espécies de
instintos, mas basicamente dois são os principais, em luta constante luta
dentro de cada um de nós: ‘Eros’, na esfera da vida, e ‘Thanatos’, na da morte.
Eles governam nossas tendências naturais voltadas à construção, a primeira; e
dirigidas à destruição, a segunda. É essencial o equilíbrio entre eles, na
garantia de um desenvolvimento mental e emocional saudável.
Os instintos, quando
desviados de sua trajetória considerada normal, são transformados em pulsão, ou
seja, o impulso do inconsciente que leva o indivíduo à ação com o
objetivo de anular um estado de tensão.
Diante de alguém a nos
despertar uma atração sexual, é a pulsão que nos conduz a um ato concreto,
caracterizado como objetivo sexual.
Biologicamente, o instinto
tem por fim a reprodução humana. Porém, como o foco na manutenção da espécie é
substituído pela centralização à pulsão do prazer, realizada
restritamente enquanto
necessidade de relaxar uma tensão, a união sexual não evidencia uma
perversidade do instinto. Porém, analogamente aos desvios sexuais, a
extrapolarem a conduta sexual no contexto da pulsão, levando o homem a um
patamar inferior ao da maior parte dos seres considerados irracionais; a
maldade também não pode, jamais, ser vista como gesto instintivo em nível de
pulsão, porque à razão humana já não mais falta a faculdade de
adaptação, diferenciando o ‘id’ do seu intermediário com o mundo
externo, o ‘ego’.
Ou isto, ou qualifiquemos o
egoísmo como trajeto normal de inaudita ideologia contemporânea: a do
narcisismo como admirável pulsão.
(Caos
Markus)
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