Eu já acreditei em muita coisa. Procurei uma verdade mais permanente, não a de um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antroporfismos, enfatizados poética e retoricamente
Ainda hoje, não damos esmolas para não estimularmos a mendicância, e condenamos à morte os miseráveis como exemplo, no cínico e absurdo contraste entre a suposta indolência dos despossuídos e a obstinação dos bem sucedidos.
Não fui o único; não sou o único. Muitos quiseram - e ainda insistem em querer - a paz, substituindo os horrores e a infâmia da "humanidade" pela majestade do amor.
Utopia, acreditávamos, não existia; era questão de tempo. Como o tempo insistia em não chegar, desistindo, então, de um aprendizado a nos libertar da nossa miséria, renunciando a ensinamentos vários sobre o caminho libertador de um pensamento ou de uma prática qualquer; procuramos revelar-nos a nós mesmos, pretendendo poder ver o que éramos e depois esquecer-nos; enfim, pretenderamos sair do ego, chegar à criatividade pela visão do nosso vazio, e descobrir, simultaneamente, o amor.
Mentimos! Nossas boas intenções nada mais fizeram que ocultar a omissão dos nossos gestos.
Ainda hoje, não damos esmolas para não estimularmos a mendicância, e condenamos à morte os miseráveis como exemplo, no cínico e absurdo contraste entre a suposta indolência dos despossuídos e a obstinação dos bem sucedidos.
Hoje, eu afirmo:se sou incapaz de gestos, não mais quero me capacitar com intenções. Para ser sincero, não sei a quem cabe minha reflexão, ou se ela é mesmo reflexão. Talvez não seja mais que uma advertência, a mim e a todos quantos se batem pelas intenções. E o digo porque a verdade do valor prático é a verdade imediata que edifica. Somente dela poderemos nos orgulhar, pois nela veremos concretas obras, antes promessas escudadas no valor empírico de uma vaga e incerta nobreza de espírito; outrora sublimadas na minha, na sua, na nossa boa intenção.
(Caos Markus)
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