Atualmente, a dispersão de uma linguagem filosófica traduz uma profunda crise cultural. Vivemos em uma época no mínimo curiosa, quando em matéria de filosofia qualquer um pode dizer qualquer coisa, sem que isso possa de fato surpreender. Sob as formas mais diversificadas, com os mais estranhos conteúdos e os mais variados modos de exposição e metodologias de pesquisa, toda cultura que se preze deve comportar uma atividade reflexiva, que a filosofia (como qualquer outra atividade intelectual) deve exigir daqueles a ela dedicados. Hoje, nesse domínio, os trabalhos realmente sérios misturam-se às mais sinistras pilhérias, havendo até mesmo os que dela fazem uma forma de "cultura".
Ora, a recusa em discernir aquilo que tem sentido do que é mero passatempo, também possui significação. Com efeito, se existisse mais generalizadamente uma clara consciência dessas diferenças, e se os educadores tentassem fornecer aos educandos os meios intelectuais da reflexão, ao invés de contentarem-se em inculcar-lhes unicamente os saberes técnicos e utilitários dos quais terão necessidade no exercício de suas profissões, então, provavelmente, tal discernimento levasse à tomada de consciência de que a filosofia de educação (invariavelmente ligada a uma ética pré-estabelecida e a política determinada) consiste em atividade intelectual incompatível com a sujeição intelectual e histórica dos educandos.
Somente é possível entender a crise da filosofia da educação reconhecendo que a destruição ou o amordaçamento da filosofia apenas ocorrem porque, intelectualmente, ela está em crise em sua própria evolução, tanto quanto em relação aos outros domínios do saber.
(Caos Markus)
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